Escolas particulares querem reabrir antes das públicas

Donos de colégios dizem ter mais recursos e condições de adotar protocolos de higiene

Alegando que elas possuem mais recursos e estrutura para adotar protocolos de higiene e saúde, as escolas particulares querem retomar as aulas presenciais antes das instituições públicas. Sindicatos patronais no Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Santa Catarina têm propostas e movimentações nesse sentido.

A informação foi publicada em uma matéria do jornal Folha de S. Paulo. Donos de escolares particulares, sindicatos e entidades que representam o setor estariam pressionando governadores e prefeitos pela permissão de reabrir as escolas antes da retomada das aulas presenciais nas unidades da rede pública.

Ademar Pereira, presidente da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), disse à Folha que a escola pública já tem diversos problemas, uma série de questões que foram acumuladas ao longo dos anos. “Não podemos ser colocados na mesma situação e esperar que elas tenham condições para nós possamos reabrir”, disse.

Eles pedem a retomada das aulas presenciais somente para a educação infantil, a volta de somente parte dos alunos ou o retorno apenas daqueles que estão no último ano do ensino médio.

Desigualdades educacionais

Especialistas em educação ouvidos pela reportagem alertam que a retomada das aulas presenciais nas escolas particulares pode agravar as desigualdades educacionais. “É uma proposta em reação à liberação econômica e não à garantia de segurança e ensino das crianças. Se as autoridades de saúde defendem que ainda não é possível voltar às aulas, isso deve valer para todos”, apontou Maria Carmem Barbosa, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A especialista ainda destacou que regras e cuidados que deverão ser tomados por causa da pandemia de coronavírus alteram a rotina escolar das crianças de educação infantil, podendo ser prejudicial. “O que ela deveria fazer na escola, que é brincar e socializar com os colegas, ela não vai poder fazer. Precisamos pensar no impacto que essas restrições podem ter no desenvolvimento dos alunos”, explicou.

Ângela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destacou a desvantagem para os alunos de escolas públicas, especialmente os do último ano do ensino médio. “O estudante da escola particular volta antes para sua rotina normal, se prepara melhor para o vestibular. É mais uma crueldade que [o aluno da rede pública] sofre porque sua escola é mais pobre e têm menos dinheiro”, declarou.

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