Desafios para a educação dos surdos no Brasil

De acordo com o IBGE, quase 10 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva em algum grau e não faltam obstáculos para a inclusão dessa população

Quem fez a redação do ENEM em 2017 pode se lembrar claramente desse tema: desafios para a educação dos surdos no Brasil. Apesar da prova de relevância nacional ter tocado nessa ferida, vale dizer que ela permanece aberta em diversos aspectos.

A negligência com a educação dos surdos ainda faz parte da sociedade brasileira. De acordo com o Censo 2010, último realizado pelo IBGE, 5% da população tem deficiência auditiva. Destrinchando a porcentagem, chegamos a 9,6 milhões de cidadãos.

LIBRAS – Língua Brasileira dos Sinais

Ao contrário do que muita gente pensa, não são todos os surdos que conhecem a Língua Brasileira de Sinais. Até porque esse aprendizado não está democraticamente incluído no Plano Nacional de Educação.

Então, somente uma parcela consegue se comunicar com LIBRAS. E nesse sentido também há um percalço, pessoas que ouvem normalmente desconhecem esse idioma e não podem ser agentes de inclusão dos surdos no âmbito social.

Ou seja, mesmo que haja a LIBRAS, não é possível promover a educação dos surdos efetivamente inclusiva nas escolas. Tampouco fazer com que essa população consiga encarar com dignidade o mercado de trabalho e outras esferas da sociedade.

Educação dos surdos deve ter LIBRAS como língua principal

Um obstáculo gigante enfrentado pelos surdos e por suas famílias é conseguir com que eles aprendam assim como os demais estudantes.

Mesmo com a Lei 10.436, que obriga escolas, faculdades, repartições públicas a ter  intérpretes de LIBRAS disponíveis para atender aos surdos, a inclusão não ocorre por uma série de motivos.

Um deles é que, se tratando da educação básica, para que os surdos aprendam de verdade, não adianta ter um intérprete em sala de aula se a língua portuguesa não é a que eles precisam no dia a dia. Essa ação, na verdade, dificulta a aprendizagem desses alunos.

Dessa forma, então, as escolas precisariam ser desenvolvidas para oferecer a LIBRAS como língua primária, mas incluir o português como adicional. Todavia, raras são as instituições voltadas para essa modalidade de ensino.

São Paulo tem escola bilíngue pública e referência

A Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos “Vera Lúcia Aparecida de Ribeiro”, na cidade de São Paulo, é uma das poucas instituições voltadas para a educação dos surdos com o ensino de LIBRAS como idioma principal no Brasil.

As consequências de haver poucas escolas assim no País, assim como demais políticas públicas destinadas à população de surdos, são avassaladoras.

Além da marginalização dessa parte da sociedade, a educação dos surdos especificamente, fica bem defasada. Por terem que se desdobrar para aprender o português e não focarem em sua língua-mãe, acabam por terminar os estudos analfabetos funcionais.

Leia também um artigo especial sobre os 5 principais obstáculos enfrentados pelo sistema educacional.

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