Economia brasileira CRESCE 2,9% em 2022, diz Monitor do PIB-FGV
Setor de serviços impulsiona crescimento da economia, respondendo por 80% do desempenho positivo do país
A economia brasileira cresceu 2,9% em 2022, na comparação com o ano anterior, após ajuste sazonal. Isso quer dizer que a atividade econômica do país conseguiu se manter em um patamar elevado, avançando ainda mais em relação a 2021.
Aliás, a atividade econômica já havia apresentado uma forte taxa positiva em 2021 devido à fraca base de comparação de 2020. À época, a pandemia da covid-19 afundou a economia global, fazendo o planeta sofrer uma recessão.
Embora tenha avançado no acumulado de 2022, a economia brasileira encolheu 0,2% no quarto trimestre. Esse resultado ligou o sinal de alerta do mercado financeiro, visto que o resultado negativo pode ser um indício de novas quedas em 2021.
Vale destacar que o relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, indicou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer apenas 0,76% em 2023. Caso isso se confirme, o avanço será bastante tímido, próximo da estabilidade.
Setor de serviços impulsiona economia brasileira
Em 2022, o resultado positivo da economia brasileira foi possível graças aos serviços. Em síntese, o setor é o principal motor da economia brasileira e, no ano passado, respondeu por 80% do desempenho da atividade econômica.
“O crescimento de 2,9% da economia em 2022 foi influenciado principalmente pelo setor de serviços, que contribuiu com mais de 80% para o bom desempenho da economia. O destaque foi a atividade de outros serviços, que engloba as atividades de alojamento, alimentação, saúde privada, educação privada, serviços prestados às famílias e às empresas”, informou a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece.
“Esta atividade, que foi uma das que haviam apresentado as maiores perdas devido à necessidade de distanciamento social no período da pandemia, impulsionou o PIB de 2022 graças a normalização das atividades sociais e aos estímulos fiscais dados a economia”, acrescentou a coordenadora.
A propósito, estes dados fazem parte do Monitor do PIB-FGV, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e divulgado nesta terça-feira (17).
Setor de serviços impulsiona economia brasileira
De acordo com Juliana Trece, não foi apenas o desempenho positivo do setor de serviços que se destacou em 2022. A saber, as atividades deste setor acabaram reduzindo o ritmo de crescimento ao longo do ano passado. Por isso que a economia brasileira não teve um resultado ainda melhor.
“Apesar deste desempenho positivo, outra característica marcante de 2022 foi a desaceleração do crescimento ao longo do ano. Em consequência dos patamares elevados de juros e de endividamento das famílias o quarto trimestre do ano encerrou com queda”, explicou a coordenadora.
Em agosto do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, para 13,75% ao ano. Esse é o maior patamar de juros no país desde novembro de 2016, quando a taxa estava em 14,00% ao ano.
Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Consumo das famílias cresce 4,0% em 2022
O Monitor do PIB-FGV também revelou que o consumo das famílias cresceu 4,0% em 2022, em comparação ao ano anterior. De acordo com o FGV Ibre, “consumo de serviços foi o principal responsável por esse crescimento”.
Segundo o levantamento, o destaque negativo em 2022 ficou com o consumo de bens duráveis, que encolheu ao longo do ano. Em suma, como estes itens possuem maior valor agregado, como automóveis e eletrônicos, por exemplo, os juros elevados acabaram inibindo o consumo destes bens no país.
O FGV Ibre ainda revelou que as exportações brasileiras cresceram 6,0% em relação a 2021. A entidade informou que “praticamente todos os segmentos contribuíram positivamente para este desempenho, à exceção da extrativa mineral”. Aliás, o destaque positivo ficou com a exportação de serviços e bens intermediários.
Por sua vez, as importações de bens e serviços cresceram 0,9% em 2022. O avanço, apesar de tímido, foi possível graças à importação de serviços, que contribuiu fortemente durante todo o ano passado. Em contrapartida, as fortes quedas da importação de produtos da extrativa mineral limitaram o crescimento dessa atividade.
Por fim, o FGV Ibre revelou que o PIB brasileiro alcançou a marca de R$ 9,82 trilhões no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, em valores correntes. Esse valor se refere a estimativas do Monitor do PIB-FGV para a economia do país.