Durante a pandemia, houve diminuição de mulheres no mercado de trabalho

Pandemia provoca diminuição de mulheres no mercado de trabalho

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou nesta segunda-feira um novo relatório que avaliou o impacto da pandemia do novo coronavírus na vida das mulheres. O trabalho intitulado: “Cuidados na crise: Desigualdade de gênero no trabalho remunerado e não-remunerado durante COVID-19” considerou a realidade de 25 países pelo mundo.

O estudo mostrou que apenas 22,4% dos pais de crianças com idade de até 12 anos assumiram de forma total ou grande parte do cuidado familiar, enquanto que, para as mulheres, essa porcentagem chega a 61,5%.

Além de assumirem a maior parte dos trabalhos em casa, o estudo mostra que as mulheres que são mães de crianças de até 12 anos possuem maior instabilidade em seus empregos, sendo mais vulneráveis à demissões. O período levado em consideração foi entre o quarto trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2020.

O desemprego relacionado às mulheres, especialmente às mães, ganhou novos termos que vêm sendo cada vez mais utilizados em debates econômicos. Os termos utilizados são “shecession” e “momcession”, fazendo referência às palavras “elas” (she) e ”mãe” (mom), ou seja, a “recessão delas” ou também “recessão das mães”.

Muitas mulheres enfrentam uma dupla jornada de trabalho

A pesquisa também mostra que mesmo que as mulheres possuam um emprego e o pai não, a maior parte dos trabalhos domésticos e cuidados com os filhos ainda continuou com as mães. Neste cenário, a presença de um trabalho remunerado pouco interfere nas condições de trabalho em casa (não remunerado).

Com o avanço da pandemia, grande parte das creches e escolas foram obrigadas a fechar temporariamente, agravando ainda mais a situação das mulheres. Com o aumento da demanda de cuidados com a casa, muitas vezes as mulheres se viam sobrecarregadas, com uma dupla jornada de trabalho.

Pôde ser observado que em países onde ainda havia certa disponibilidade das instituições de ensino, que fechavam apenas em certos períodos, e também em países com maior investimento em apoio à família, os cuidados em casa se tornaram mais igualitários, com a presença tanto das mulheres, quanto dos homens.

Efeitos da pandemia para mulheres empreendedoras

Em pesquisa do Nubank em parceria com o Sebrae e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 2020 mais de 62% das empresas com mais de 3 anos de existência lideradas por mulheres, incluindo as MEIs, acabaram fechando suas portas. O principal motivo é a dupla jornada de trabalho.

Pesquisas da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) revelam que as mulheres tinham uma taxa de participação no mercado de trabalho de cerca de 46% em 2020, enquanto a participação dos homens chega a 69% no mesmo ano. A taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho caiu em 12% e, se levarmos em consideração também o ano de 2019, essa taxa é de 22,2%.

Estes dados foram publicados no Relatório Especial COVID-19 N°9: A autonomia econômica das mulheres na recuperação sustentável e com igualdade. A participação das mulheres no mercado de trabalho vinha se igualando com a dos homens com o passar dos anos, porém com a pandemia, houve um retrocesso de décadas nas tentativas de busca de um mundo mais igualitário.

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