Neste ano o dólar vem perdendo força. Em 2022 a moeda norte-americana já acumula queda que ultrapassa os 10%. Hoje, por exemplo, a moeda fechou com o menor valor desde o dia 30 de junho do ano passado, custando R$5,0037.
De acordo com dados da Economatica, em 2022, o Brasil é o país onde o dólar mais se desvalorizou. Esta queda no valor da moeda é resultado do grande aumento de investimentos estrangeiros no Brasil causado pelas constantes altas na Selic e com o diferencial de juros em relação a outras economias no mundo.
Segundo o boletim Focus, a previsão é de que o dólar termine o ano custando R$5,50. Isso deve ocorrer, pois as eleições devem entrar no radar dos investidores nos próximos meses, diminuindo este alívio na pressão cambial.
Quais fatores levaram à queda do dólar
A valorização da nossa moeda nacional frente ao dólar é causada pelo alto volume de investimento estrangeiro que o Brasil vem recebendo. A B3, bolsa de valores de São Paulo, registrou neste ano uma alta de 7,70% nesse tipo de investimento. O valor investido passa dos US $50 bilhões.
Vamos tentar explicar de uma forma simples: os investimentos seguem a lei de oferta e demanda, ou seja, se um investidor coloca mais dólares na economia brasileira, a quantidade da moeda em circulação será maior, fazendo com que o preço da mesma diminua.
Outro fator que também fortalece o real é o aumento no preço das commodities no mercado internacional. Este aumento também contribui para a entrada de dólares no país com a venda de produtos como a soja, o minério de ferro e o petróleo.
O agravamento do conflito da Rússia com a Ucrânia impulsionou mais ainda o preço do barril de petróleo. Este insumo custava em média US$ 44 em 2020 (o barril), chegou a custar US$70 em 2021 e neste ano ele deve chegar a custar US$100.
Depois da última decisão do Copom, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juros real do mundo, descontando a inflação. Isso faz com que a Selic também atraia os investidores, que direcionam seus investimentos em renda fixa.
O Banco Central (BC) já sinalizou que em março deve ocorrer uma nova alta na taxa básica de juros (Selic). De acordo com o economista sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, “os investidores passaram a ver o Brasil como um mercado interessante entre os emergentes”.
Previsões para o valor do dólar durante o ano
Segundo diversos especialistas, será preciso ter cautela durante o segundo trimestre devido às eleições para presidência. Segundo Silvio Campos Neto, “Temos riscos consideráveis no Brasil. E o processo eleitoral deste ano vai gerar muito ruído”.
Portanto, para aqueles que possuem algum dinheiro guardado ou pretendem viajar a trabalho, os especialistas recomendam que a compra de dólares seja feita neste momento, para que seja aproveitada a cotação atual, que deve subir nos próximos meses.
De acordo com o sócio da Tendências, “A queda do dólar não deve ser muito duradoura por conta do risco Brasil, principalmente em ano de eleição. Temos muitas coisas importantes acontecendo no exterior e aqui [no Brasil] temos um processo eleitoral carregado de incertezas”.