Dólar fecha dia praticamente estável, com insegurança no radar

O dólar andou praticamente de lado na sessão desta quinta-feira (19) e fechou o dia perto da estabilidade. Mais uma vez, os investidores repercutiram os impactos que os conflitos entre Israel e Hamas poderão causar em todo o planeta. A atenção também ficou voltada aos Estados Unidos e à taxa de juros da maior economia mundial.

De um lado, declarações de Jerome Powell acalmaram um pouco o mercado, que teme o aumento dos juros nos EUA. Aliás, Powell é o presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Por outro lado, os conflitos no Oriente Médio seguem sem trégua, preocupando cada vez mais o mundo.

Em meio a esse cenário, o dólar caiu 0,02% e encerrou o dia cotado a R$ 5,0529. Apesar do recuo, a moeda ainda acumula alta em outubro (0,52%), resultado que sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que o dólar está subindo pelo terceiro mês consecutivo. A variação em outubro poderá se fortalecer, caso os conflitos no Oriente Médio se intensifiquem.

Em contrapartida, a divisa ainda acumula queda de 4,25% no ano. Inclusive, o recuo anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.

Guerra entre Israel e Hamas entra no 13º dia

A guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas entrou hoje (19) no 13º dia. Em suma, o grupo extremista islâmico Hamas atacou Israel no último dia 7 de outubro, e o país o contra-atacou em seguida. Desde então, ambos os lados vêm se atacando, e as tensões estão mais elevadas do que nunca.

Na última terça-feira (17), uma ataque a um hospital no sul da Faixa de Gaza causou a morte de centenas de pessoas, incluindo crianças. O ataque foi condenado por diversos países porque ataques a hospitais são considerados crimes de guerra. Israel negou a autoria do ataque e acusou a Jihad Islâmica, que também negou ter atacado o hospital.

Em meio à guerra de narrativas, as negociações diplomáticas ficaram ainda mais difíceis. O temor entre os investidores, do ponto de vista econômico, é que o preço do petróleo dispare, caso outros países do Oriente Médio se envolvam nos conflitos, o que poderia pressionar a inflação em todo o mundo.

Petróleo mais caro pode impulsionar a inflação

No mercado de câmbio, alguns fatores envolvendo os conflitos preocupam os investidores, com destaque para:

  • A participação de potências nucleares nos conflitos, como Estados Unidos, Irã e Rússia;
  • A retaliação da Liga Árabe devido ao apoio do Ocidente à Israel, reduzindo a oferta de petróleo;
  • A pressão aos juros, caso o petróleo e o câmbio disparem.

Esse cenário caótico já provocou o encarecimento do petróleo nos últimos dias. Como esta é uma das principais commodities do mundo, o aumento do seu preço pode pressionar a inflação global, já que muitos combustíveis são derivados do petróleo e estes itens exercem forte impacto na taxa inflacionária dos países.

Além disso, o Irã também pediu a imposição de um embargo petrolífero a Israel. Em suma, os países mulçumanos e autoridades árabes vêm condenando a atuação de Israel, apesar de o país receber apoio do Ocidente.

Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.

Guerra entre Israel e Hamas pode elevar preço do petróleo, pressionando a inflação em todo o mundo
Guerra entre Israel e Hamas pode encarecer petróleo, pressionando a inflação em todo o mundo. Imagem: Pixabay.

Powell alivia um pouco o mercado

Todas as preocupações vindas do Oriente Médio poderiam fazer o dólar fechar o dia em alta, mas elas foram minimizadas por declarações de Jerome Powell. O presidente do Fed disse que a entidade está “procedendo com cuidado” em relação à taxa de juros nos EUA. Isso aliviou um pouco as preocupações do mercado, que temem uma nova elevação dos juros no país.

Na semana passada, o vice-diretor do Fed também afirmou que a entidade não deverá elevar a taxa de juros nos EUA. A saber, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação no país nos dois últimos anos. Isso aconteceu porque a taxa inflacionária chegou ao maior patamar em quase 40 anos.

Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Aliás, na última reunião do Fed, realizada em setembro, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais.

De acordo com Powell, o Fed está analisando cautelosamente os impactos de juros mais elevados na economia norte-americana. Para quem não sabe, o principal objetivo dos juros é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força.

O problema é que isso afeta toda a população, e os investidores torcem pelo crescimento econômico dos países, ainda mais porque os EUA são a maior economia do mundo. Um eventual aumento dos preços do petróleo, com o prolongamento da guerra, poderá pressionar o Fed a elevar os juros, algo que o mercado não quer que aconteça. Por isso que o pregão de hoje (19) ficou marcado por incertezas vindas de todos os lados.

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