O dólar apresentou variações distintas nesta semana, registrando alta em boa parte dos pregões. Contudo, os recuos foram mais intensos e puxaram a moeda americana para baixo na semana.
Nesta sexta-feira (24), o dólar fechou o pregão em queda de 0,17%, cotado a R$ 4,8984. Com o acréscimo deste resultado, a moeda norte-americana americana fechou a semana em leve queda de 0,16%, mesmo percentual que o observado na semana anterior.
Em novembro, o dólar continua acumulando um forte recuo de 2,82%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses está culminando em uma queda firme em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 7,19% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
EUA e Brasil afetam cotação do dólar na semana
Durante a semana, os investidores ficaram novamente de olho nos Estados Unidos e no Brasil. No primeiro caso, a atenção ficou voltada à divulgação de dados econômicos no país, que podem influenciar a taxa de juros da maior economia mundial.
Em resumo, tudo o que acontece nos Estados Unidos ganha repercussão internacional, já que o país é muito importante para todo o mundo. Por isso, qualquer informação relacionada à inflação ou aos juros no país acaba repercutindo entre os investidores.
No âmbito doméstico, os investidores ficaram mais atentos à questão fiscal, com o governo projetando um rombo ainda mais expressivo das contas públicas em 2023. Entretanto, para 2024, o governo segue com a meta de zerar o déficit das contas.
Lula veta desoneração da folha de pagamento
Nesta sexta-feira (24), o mercado repercutiu a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de vetar a desoneração da folha de pagamento. Em suma, o presidente vetou integralmente o projeto que prorroga a desoneração de 17 setores da economia brasileira.
O texto do projeto possibilita às empresas a substituição da contribuição previdenciária por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento. A saber, a contribuição previdenciária tem uma alíquota de 20% sobre os salários dos empregados. Por sua vez, a receita bruta do empreendimento possui uma alíquota que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o setor e serviço prestado.
Caso o presidente Lula aprovasse o projeto, a regra ficaria em vigor no Brasil até 31 de dezembro de 2027. Aliás, o texto recebeu aprovação de ampla maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e acabou pegando os parlamentares de surpresa. Agora, os líderes partidários se mobilizam para derrubar o veto do presidente.
Nova projeção de rombo das contas públicas
Na última quarta-feira (22), os ministérios da Fazenda e do Planejamento informaram uma elevação da projeção de rombo das contas públicas em 2023. Em síntese, as pastas acreditam que o déficit primário ficará em R$ 177,4 bilhões neste ano, bem acima dos R$ 141,4 bilhões projetados anteriormente.
Vale destacar que a nova previsão se distancia ainda mais da “meta informal” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A saber, ele disse em janeiro que as contas públicas teriam déficit de R$ 100 bilhões em 2023, mas as estimativas superam essa marca há muito tempo, e o rombo ficou ainda maior, conforme as projeções do governo.
Para 2024, o governo federal segue projetando um déficit zero das contas públicas. A decisão de manter a meta inalterada dá mais tempo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de tentar conseguir a tramitação no Congresso Nacional de algumas medidas que aumentem a arrecadação federal.
Além disso, a meta fiscal de 2024 prevê que o governo federal gaste apenas o que arrecadar e o que possuir em caixa. Em outras palavras, o Executivo não irá aumentar a dívida pública com gastos e investimentos, uma vez que irá gastar apenas o que tiver.
Investidores repercutem ata do Federal Reserve
No início de novembro, o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, decidiu manter a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, e os analistas acreditam que o Fed manterá os juros estáveis até meados de 2024, quando começará a reduzir a taxa no país.
Nesta semana, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed divulgou a ata da última reunião da entidade. Em síntese, o documento mostrou que o Fed poderá ter uma abordagem mais cautelosa em relação aos juros nos EUA.
Contudo, a ata também mostrou que as autoridades poderão aumentar os juros no país caso os dados econômicos demonstrem que a taxa de juros não está limitando suficientemente a inflação norte-americana.
A saber, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável nos últimos encontros, isso não é totalmente positivo para a população, já que o patamar continua muito alto, afetando a economia do país.
Os especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, os dados mais fracos da inflação nos EUA, divulgados na semana passada, animaram os investidores, que deixaram o dólar de lado.