Nos noticiários de economia, sempre há informações sobre a cotação dólar, mas nem todo mundo entende a importância destas notícias. A questão é que a moeda norte-americana afeta diretamente a vida dos brasileiros, mesmo que poucas pessoas entendam realmente como isso acontece.
O dólar iniciou o ano cotado a R$ 5,28, mas acumulou uma queda firme de 8,06%, fechando 2023 cotado a R$ 4,85. Em resumo, essa é a segunda queda consecutiva e sucede o recuo de 5,32% observado em 2022, indicando uma queda ainda mais intensa da moeda americana neste ano.
A propósito, o maior patamar da divisa em 2023 foi registrado no início de janeiro, quando o dólar atingiu R$ 5,45. Contudo, a moeda caiu em boa parte dos meses deste ano, chegando a atingir R$ 4,73 no final de julho, patamar que não conseguiu manter até o final do ano. Ainda assim, o tombo em 2023 foi bastante positivo para a população do país.
Como a cotação do dólar afeta a população brasileira?
Em primeiro lugar, vale destacar que a cotação do dólar é impactada também pelos juros nos Estados Unidos. Em suma, quanto mais elevada estiver a taxa de juros no país, mais forte tende a ficar o dólar. Isso acontece porque os juros mais altos nos EUA atraem mais investidores, e isso fortalece o dólar.
De todo modo, o principal impacto sentido no Brasil se refere ao aumento dos preços dos produtos importados. A saber, a cotação internacional de bens e serviços é feita em dólar, tudo que vier de fora do Brasil deverá ficar mais caro.
Nem todos sabem, mas diversos produtos consumidos diariamente vêm do exterior, como o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. Aliás, entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior. Isso explica a importância da queda do dólar, já que, quanto mais baixa estiver a sua cotação, menor ficarão os preços destes itens.
Também não há como esquecer os combustíveis. Em síntese, a política de preços da Petrobras leva em consideração a cotação internacional do barril de petróleo e as oscilações do dólar. Assim, quanto mais cara estiver a moeda americana, maiores os riscos de alta dos combustíveis no país.
Além disso, o dólar mais elevado encarece a dívida pública do Brasil e pressiona o BC brasileiro a também manter os juros elevados no Brasil. Isso porque, mesmo com uma inflação mais baixa, uma redução nos juros brasileiros pode fortalecer o dólar e impulsionar novamente a inflação no país.
O que derrubou o dólar no ano?
O dólar iniciou o ano em alta, refletindo as incertezas do mercado em relação ao primeiro ano do governo Lula. Contudo, após os primeiros meses, os analistas passaram a dar mais credibilidade ao petista, acreditando que a situação do país iria melhorar, e foi justamente o que aconteceu.
No decorrer de 2023, as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceram de maneira significativa. O otimismo do mercado se fortaleceu devido aos números apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável por divulgar o desempenho da atividade econômica do país.
Além disso, a inflação no Brasil também perdeu força ao longo do ano, atraindo cada vez mais investidores ao país. Em síntese, quanto menor a taxa inflacionária, mais fortalecido tende a ficar o país, já que o banco central (BC) não precisa manter os juros elevados para conter a inflação.
Quando os juros crescem, a dívida pública do país também sobe, e o contrário também é verdade. No Brasil, o BC começou a reduzir a taxa básica de juros em agosto, promovendo quatro cortes consecutivos de meio ponto até dezembro. No total, a entidade financeira reduziu em 2 pontos percentuais os juros no país, para 11,75% ao ano, e a expectativa é que os juros caiam ainda mais em 2024.
A saber, quanto mais baixos estiverem os juros no país, mais positivo se torna o cenário para a população, uma vez que os juros altos elevam o custo de vida no país. Em suma, as pessoas precisam gastar mais, pois o crédito fica mais caro. Entretanto, quando os juros caem, há elevação do poder de compra dos consumidores.
Por fim, todos esses fatores contribuíram para derrubar o dólar no ano. A torcida é que o cenário positivo se mantenha em 2024, com a inflação caindo e a economia e o emprego crescendo no país.