A Aliança Nacional LGBTQIA+ avalia que apesar das conquistas alcançadas pela comunidade, o desemprego entre a população LGBTQIA+ possivelmente chega a 40%. Considerando apenas a população trans esse número chega a cerca de 70%. A pesquisa aponta que o número da população em geral chega a 14,7% no começo de 2021, este valor corresponde a menos da metade do número que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta.
A psicóloga mestre em Ciências Criminais pela PUC-RS, Alethea Vollmer, evidencia que os impactos mentais para pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ por conta das violências sofridas são muito altos, entre os problemas enfrentados pela comunidade estão os transtornos de pânico e ansiedade. Isso somado ao desemprego faz com que as pessoas da comunidade tenham uma vida muito mais difícil.
A especialista também fez questão de lembrar que foi apenas em 2018 que a OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou a transexualidade da lista de doenças e distúrbios mentais.
“A transexualidade foi retirada do Código Internacional de Doenças (CID), mas não foi tratada na sociedade de uma forma em que a população entendesse que essas pessoas são iguais a todos. Essa geração tem um grupo maior de apoio para ajudar na trajetória, mas ainda sofre o mesmo preconceito que a geração anterior, que teve que passar, por exemplo, por hospitais psiquiátricos ou igrejas para, teoricamente, serem salvas de um mal”, ressaltou a especialista.
Incidência de doenças como ansiedade e depressão no público LGBTQIA+
O estudo realizado em 2020 pela UFMG e pela UNICAMP ainda mostram que entre os 10 mil entrevistados cerca de 44% das lésbicas; 34% dos gays; 47% das pessoas bissexuais e pansexuais; e 42% das transexuais, receiam ser afetados por algum problema de saúde mental durante o período de pandemia do Covid-19.
O pesquisador e demógrafo da UFMG, Samuel Silva, afirmou. “Por causa do preconceito, do medo da violência, muitas pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ vivem em alerta, com cautela, o que já as deixam vulneráveis à depressão, à ansiedade. Outra situação é que com o isolamento social, pessoas que vivem em casas onde há relações conflituosas sofrem muito mais.”
O estudo aponta que conflitos familiares representam a maior dificuldade para o público LGBTQIA+ durante a pandemia e o isolamento social, cerca de 10% dos entrevistados citaram os conflitos familiares como a maior dificuldade.
A Associação Americana de Psiquiatria ressaltou que pessoas LGBTQIA+ têm o dobro de chances de manifestar algum transtorno como ansiedade e depressão durante a vida. Cerca de 28% dos entrevistados já haviam recebido diagnóstico prévio de depressão.
Desemprego na comunidade LGBTQIA+
Um estudo realizado em 2020 pela UFMG e UNICAMP mostra que os números não são de hoje. Já em 2020 foi revelado pelo estudo que 21,6% do público LGBTQIA+ entrevistado estava desempregado enquanto o índice de desemprego no Brasil era de 12,2%. Isso significa que além de não ser de agora os números altos de desemprego eles ainda cresceram do último ano para esse.
A empresária especialista em RH Claudia Danienne, o perfil profissional de cada um é que deve determinar a área de atuação de cada indivíduo, independente da identidade de gênero ou orientação sexual de cada um.
“Se eu achar que tem uma área, setor ou tipo de empresa que combina melhor com a comunidade LGBTQIA+, eu estarei sendo discriminatória. Temos que mudar a nossa forma de pensar na origem e não na causa. Se talentosa a pessoa for, comprometida, estudiosa, colaborativa, toda e qualquer oportunidade será bem desempenhada. E independente de gênero e orientação, seja da comunidade ou hétero, desenvolverá seu trabalho com excelência”, ressalta a empresária.
No ano de 2021 os números de desemprego chegaram a 40% na comunidade LGBTQIA+ e a 70% entre pessoas trans. Enquanto o desemprego na população em geral do país está em cerca de 14,7%, podemos perceber então que ocorreu um aumento muito significativo no desemprego entre as pessoas LGBTQIA+.
Dessa forma pode-se ressaltar a importância de se criar políticas públicas e sociais que tratem desse assunto e poderem dessa maneira auxiliar o público LGBTQIA+ a se incluir no mercado de trabalho e finalmente amenizar um pouco o desemprego que tanto afeta a comunidade. Afinal a orientação sexual e a identidade de gênero de cada um não deveriam ser fatores a serem considerados na hora de se procurar um emprego e sim as competências mostradas por cada indivíduo.