O Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19, organizado pela Associação Médica Brasileira (AMB), divulgou uma nota nesta terça-feira (23) solicitando a suspensão do uso da cloroquina e da ivermectina, entre outros medicamentos do chamado ‘kit covid’, no tratamento ou prevenção da Covid-19. De acordo com o grupo, para superar a pandemia, o Brasil deve ‘vacinar com celeridade todos os cidadãos’.
“Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, disse em nota a AMB.
O documento assinado por mais de 80 sociedades médicas afirma que a prevenção contra a Covid-19 não deve ser feita com medicamentos sem eficácia comprovada, mas sim com medidas preventivas simples, como lavar as mãos, usar máscara e evitar aglomerações.
A AMB também ressalta o colapso do sistema de saúde na grande maioria dos estados brasileiros, afirmando que não há leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para atender crescente demanda provocada pelo avanço da pandemia de Covid-19 no país. Além disso, faltam medicamentos para intubação de pacientes em estado grave.
“São urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas/leis de excepcionalidade, para solucionar a falta de medicamentos ao atendimento emergencial de pacientes hospitalares acometidos pela COVID-19, em especial de bloqueadores neuromusculares, opioides e hipnóticos – indispensáveis ao processo de intubação de doentes em fase crítica”, diz a nota da AMB.
Novo ministro deve combater a Covid-19 sem cloroquina e ivermectina
A AMB saudou o médico Marcelo Queiroga, indicado para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazzuello, dizendo que os brasileiros esperam que a gestão dele seja ‘seja um exemplo de independência na implantação de políticas/medidas consistentes e necessárias à resolubilidade e qualidade no sistema’ e de ‘compromisso com a melhor medicina’.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o novo ministro trabalhará ‘mais pela medicina’.
“Orgulho de Pazuello, do trabalho que fez no tocante à vacina. O novo [ministro] que está entrando agora é um médico experiente e vai, obviamente, fazer um segundo tempo de um ministério voltado muito mais agora do que era para a questão da medicina, mas não temos ainda a cura do vírus, estamos buscando”, disse o presidente.
Marcelo Queiroga já afirmou que o chamado ‘kit covid’ de ‘tratamento precoce’ com cloroquina e ivermectina não tem eficácia comprovada no combate à Covid-19. Segundo o médico, o Ministério da Saúde deve focar esforços no que funciona: uso de máscaras, distanciamento social e fortalecimento das equipes de atendimento hospitalar.