O dólar comercial voltou a fechar em queda, após iniciar a semana andando de lado. Dados mais fracos que o esperado do mercado de trabalho dos Estados Unidos ajudaram a enfraquecer a moeda norte-americana, com investidores buscando ativos de risco no dia.
Nesta terça-feira (29), o dólar caiu 0,45% e fechou o pregão cotado a R$ 4,8536. Esse é o menor nível da divisa desde a sessão de 2 de agosto, quando a moeda fechou o dia cotada a R$ 4,8039, ou seja, em quase um mês.
Com o acréscimo deste resultado, o dólar reduziu os ganhos em agosto, para 2,64%. Já no acumulado de 2023, a moeda segue acumulando uma forte perda, que chegou a 8,04%. Aliás, a queda havia superado os 11% no mês passado, mas a divisa conseguiu se recuperar um pouco em agosto devido ao aumento das preocupações internacionais.
Dados dos EUA enfraquecem dólar
Os acontecimentos no exterior costumam afetar a cotação do dólar no Brasil. Em agosto, muitas preocupações externas pesaram no mercado de câmbio e acabaram impulsionando a moeda americana. Inclusive, quanto mais negativa a perspectiva econômica internacional, mas forte tende a ficar o dólar.
Nesta terça-feira (29), houve a divulgação dos dados do mercado de trabalho norte-americano. Em suma, os EUA criaram menos vagas que o esperado, registrando o terceiro mês seguido de queda dos números.
De acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA, o número de vagas recuou para 8,827 milhões. Esse é o menor patamar desde março de 2021, algo bastante negativo para a maior economia do planeta.
Esse dado isolado seria um forte combustível para os investidores buscarem ativos mais seguros, como os títulos americanos, o que fortaleceria o dólar. Contudo, na sessão de hoje, os dados dos Estados Unidos fizeram o contrário, enfraquecendo a moeda norte-americana.
Isso aconteceu porque o enfraquecimento do mercado de trabalho americano é mais um fator para impedir que o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, eleve os juros na sua próxima reunião. Os investidores vêm temendo que a entidade aumente a taxa de juros, que se encontra no maior patamar em mais de duas décadas.
Juros elevados desaquecem a economia
Segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, o banco central não descartou a possibilidade de elevar os juros nos EUA. Isso poderá acontecer na próxima reunião ou mesmo futuramente, a depender de dados econômicos do país, principalmente em relação à inflação.
Em resumo, os bancos centrais elevam os juros para segurar a inflação no país. Isso aconteceu nos últimos tempos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Contudo, a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, teve o primeiro corte em três anos no início deste mês, e a expectativa é de mais quedas dos juros ao longo dos próximos meses.
Já nos Estados Unidos, a situação é diferente, porque a inflação se mantém em níveis mais elevados que o desejado. O Fed segue analisando os dados para definir os próximos passos da política monetária do país, e os investidores torcem para que os juros não subam mais.
Embora os juros elevados sejam importantes para segurar a taxa inflacionária, o país acaba pagando um preço alto porque os juros altos também desaquecem a economia. Como os investidores não querem que a maior economia do mundo entre em uma recessão, qualquer indício de manutenção dos juros é positivo, assim como os dados mais fracos do mercado de trabalho.
Investidores também estão de olho no cenário doméstico
Na sessão de hoje, os investidores também repercutiram os desafios envolvendo o novo arcabouço fiscal, aprovado na Câmara dos Deputados na última terça-feira (22). Ainda há muitas incertezas envolvendo a regra fiscal, apesar do otimismo dos investidores com os impactos que ela poderá proporcionar.
O novo arcabouço fiscal é a principal aposta do governo Lula para equilibrar as contas públicas e diminuir e estabilizar a dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mecanismo ficará no lugar do teto de gastos, atual regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
Além disso, o mercado repercutiu a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde da última segunda-feira (28). Em síntese, o documento cria alíquotas de 15% e 20% sobre os rendimentos dos mais ricos. Trata-se da tributação dos fundos exclusivos e o capital aplicado em offshores, cuja tema será votado pelo Congresso Nacional.