O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu na quarta-feira (03/05), manter a taxa básica de juros Selic em 13,75% ao ano. Todavia, o índice não sobe desde junho do ano passado. De acordo com um estudo feito pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management, são os maiores de todo o mundo.
Segundo o Relatório Focus do Banco Central, a inflação nacional estimada para os próximos 12 meses deve ficar em 5,32%. Dessa maneira, os juros reais devem ficar em 6,82%. A taxa brasileira está acima da praticada em outros países da América Latina, como México, Colômbia e Chile, por exemplo.
Vale ressaltar que a taxa de juros real é calculada levando em consideração a previsão da inflação nos 12 meses seguintes. Sendo assim, ela é utilizada na comparação com os juros de outros países. O Brasil então está no topo do ranking, devido à decisão do Copom de aumentar a Selic desde o ano passado.
Analogamente, ao se considerar a taxa de juros nominais, quando a inflação não entra no cálculo, o Brasil, com 13,75%, está atrás apenas da Argentina. Neste país, o índice está em 91%, mas no caso, a hiperinflação afeta exponencialmente os juros reais. Em terceiro lugar vem a Colômbia com 13,25% e a Hungria, com 13%.
Decisão sobre os juros
O Copom afirma que tomou a decisão de manter a taxa Selic em 13,7% ao ano, devido ao momento em que o país passa, influenciando em sua política monetária. Para o comitê, o momento é de paciência. Aliás, o presidente Lula (PT), por outro lado, vem criticando as decisões do Banco Central, que é independente do governo.
Ademais, depois da reunião do Copom, sobre os juros básicos da economia brasileira, representantes do comitê disseram que poderão retomar o ciclo de ajustes da Selic se houver um processo de deflação durante o ano diferente do esperado. O índice poderá aumentar ainda mais, se for necessário.
Felizmente, de acordo com o Banco Central, este processo de aumento de juros não deve acontecer. Em um comunicado, representantes do Copom dizem que “ apesar de ser um cenário menos provável, não hesita em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
Desse modo, o Copom também não falou sobre uma eventual redução da taxa de juros nas reuniões que estão por vir. A cada 45 dias seus representantes se reúnem para decidir a sua política monetária e a taxa Selic. É a terceira vez que eles se reúnem depois que o presidente Lula tomou posse, em janeiro de 2023.
Reunião do Copom
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 20 e 21 de junho. Deve-se observar que esta é a sexta vez que o Banco Central toma a decisão de manter a taxa Selic nestes patamares. O mercado financeiro já esperava por essa resolução,já que desde agosto do ano passado que não há um reajuste no índice.
Em seu comunicado, o Copom afirma que no cenário externo, ocorreram alguns episódios desfavoráveis envolvendo instituições financeiras. Em síntese, fora do Brasil, há uma pressão inflacionária e os bancos centrais das principais economias do mundo têm tomado medidas para conter a alta dos preços praticados.
Já em relação à economia nacional, o Copom diz que há uma desaceleração, mas que a inflação está acima da meta estipulada, o que leva o comitê a decidir pela manutenção dos juros. Há uma incerteza relacionada ao arcabouço fiscal que deverá ser aprovado pelo Congresso Nacional e a trajetória da dívida pública.
Pressão do governo
O governo Lula tem pressionado o Banco Central para reduzir a taxa de juros básica da economia. Ele afirma que a alta da Selic prejudica o desenvolvimento econômico do país. Dessa forma, durante um evento em centrais sindicais comemorando o dia do trabalho (1/05), o presidente associou o índice ao desemprego.
Em conclusão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), apontou que o Copom já poderia ter iniciado o processo de redução dos juros nesta semana. Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, diz que o comitê atua de uma maneira técnica, para que o país consiga alcançar as metas da inflação para o ano.