Consignado do Auxílio Brasil: Grandes bancos privados não devem oferecer

Consignado do Auxílio Brasil: Grandes bancos privados não devem oferecer

O crédito consignado do Auxílio Brasil deve ser liberado ainda em setembro. Apesar disso, grandes bancos privados como o Bradesco e o Itaú Unibanco já informaram que não devem operar nesta carteira, já que o empréstimo pode prejudicar ainda mais famílias em situação de vulnerabilidade econômica. 

 “Não se trata de uma aposentadoria ou pensão, mas um benefício a pessoas que estão em dificuldades. Portanto, o Bradesco não vai operar nessa carteira. Estamos falando de pessoas vulneráveis. Em vez de ser uma boa operação para o banco e para o cliente, entendemos que a pessoa terá mais dificuldade quando o benefício cessar, e, por isso, preferimos não operar”, justificou Octavio de Lazari Júnior, presidente do Bradesco. 

Milton Maluhy, CEO do Itaú, também informou que a instituição não deve oferecer crédito consignado para beneficiários de programas sociais como o Auxílio Brasil. “[o crédito consignado] não é um produto adequado para um público vulnerável“, disse. Em contrapartida, algumas instituições financeiras menores que atuam principalmente com concessão de empréstimos devem garantir o serviço. 

Recentemente o Agibank e o Banco Pan divulgaram que deveriam operar com a linha de crédito, no entanto, levando em consideração os riscos da modalidade as instituições acabaram voltando atrás com a decisão.

Já a Pernambucanas anunciou em faixas a linha do crédito consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil. Até o momento, a única instituição financeira tradicional que deve oferecer o crédito consignado é a Caixa.

Entenda o crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil 

O crédito consignado destinado a beneficiários do Auxílio Brasil foi aprovado pela Lei nº 14.431/202 e as regras ainda devem ser liberadas oficialmente pelo Ministério da Cidadania. No entanto, o que se sabe até o momento é que as parcelas do empréstimo não podem ser superiores a 40% do benefício social. 

Nessa modalidade de crédito o valor das parcelas do empréstimo é descontado automaticamente da folha de pagamento dos contratantes. Desta forma, no caso dos beneficiários do Auxílio Brasil o valor será descontado do benefício social. 

Pela possibilidade do desconto automático na folha de pagamento ou do benefício, as instituições financeiras oferecem taxas de juros mais baixas aos contratantes do crédito consignado. Isso ocorre porque o risco de inadimplência é bastante inferior aos empréstimos convencionais. No entanto, esse risco não é tão inferior quando falamos do crédito para cidadãos que recebem benefícios sociais. 

O risco de inadimplência da modalidade 

Para o especialista em crédito Boanerges Freire, as grandes instituições financeiras decidiram não oferecer o empréstimo pelo alto risco de inadimplência. Além disso, a concessão poderia prejudicar a imagem dos bancos. “O ganho que poderia haver não compensa”, disse. 

Além de grandes instituições financeiras se mostrarem contra a concessão do empréstimo para beneficiários do Auxílio Brasil, alguns especialistas também pontuam problemas da modalidade. “Por se tratar de um benefício de subsistência, é preciso analisar se faz sentido antecipar valores (por meio do consignado)”, diz João Bragança, diretor de serviços financeiros da consultoria alemã Roland Berger.

Na percepção desses especialistas, o comprometimento de 40% do Auxílio Brasil deve fazer falta para os beneficiários nos meses seguintes. Desta forma, ao invés de contribuir com a vida financeira desses cidadãos, a concessão de um empréstimo pode prejudicar ainda mais a vida dessas famílias. 

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