Carros populares podem acabar: Veja o porquê

Inicialmente a proposta de um carro popular tem como objetivo ser acessível para a população adquirir um veículo 0km. Em 1993 foi assinada uma regulamentação exigindo que a montadora tivesse o direito de pagar só 0,1% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em cima do valor de um automóvel. O mesmo deveria possuir um motor de 1000 cilindradas

Nesse período a aquisição de carros populares tomou conta do mercado. Além disso, segundo uma pesquisa realizada em 2001 pela Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), cerca de 68,9% dos veículos comprados durante esse ano possuíam motores 1.0 ou menores.

Com o passar do tempo esses números variaram bastante. Em 2016, os dados apontavam que apenas 33,1% das vendas totais no ano eram de carros com motores 1.0. Foi então que as montadoras começaram a investir em carros com motores 1.0 turbo. No entanto, automóveis com esse equipamento não se enquadram na proposta de serem acessíveis.

Como a tecnologia tem influenciado na produção de carros

A Fenabrave resolveu atualizar seus parâmetros para essa categoria e adotou o termo “veículos de entrada”. Esses carros deveriam além de apresentar um motor 1.0, também serem acessíveis ao bolso do consumidor. Assim, no ano de 2020 as vendas desse tipo de automóvel eram de apenas 12,7%.

Atualmente, apenas 6 veículos no mercado se enquadram nessa categoria, sendo eles:

  • Fiat Mobi;
  • Fiat Uno;
  • Renault Kwid;
  • Volkswagen Gol;
  • Volkswagen Up!;
  • Toyota Etios.

Vale ressaltar que os modelos VW Up! e Toyota Etios saíram de linha recentemente. Deixando a lista apenas com 4 opções de carros, mas que também apresentam futuro incerto devido ao aumento em seus valores.

Nos últimos anos, com um avanço da tecnologia e desenvolvimento de novos recursos para garantir conforto e segurança aos consumidores. Bem como, uma legislação exigindo cada vez mais itens obrigatórios para que um carro possa sair da montadora. O processo de produção de um carro popular torna-se mais difícil.

A produção de um carro que se enquadre nos requisitos mínimos, como freios ABS, airbags, catalisadores e sistemas de captura de gases poluentes, a um valor acessível ao consumidor, abaixo dos 40 mil reais, economicamente se torna inviável para as montadoras.

Isso acontece, principalmente, devido ao fato de que para a fabricação de um carro popular conseguir trazer lucro a empresa, é preciso uma quantidade alta no número de vendas. Em contrapartida, na produção de carros SUVs, o lucro pode ser obtido através da venda unitária, não necessitando de altas demandas.

O que o público tem valorizado mais?

É importante salientar, que uma nova exigência quanto ao controle de estabilidade nos automóveis tem previsão de início em 2024. O que só irá dificultar ainda mais a produção de veículos acessíveis.

Com o aumento gradativo dos preços dos carros populares e eles não possuírem recursos popularizados, como ar condicionado, vidros elétricos e central multimídia touchscreen, a parcela da população que antigamente preferia adquirir um carro 0Km, está migrando para carros usados, porém que apresentam maior conforto.

Essa migração da preferência relaciona-se principalmente a dois fatores, um é a desvalorização do real ter intensificado um aumento nos valores. O outro, pela questão do conforto e status que possuir um carro SUV reflete, por mais que não seja 0Km. Consequentemente a proposta da criação do termo “carros populares” acaba se colocando em xeque, afinal a população não quer mais saber de carros simples e sim confortáveis.

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