De acordo com dados divulgados na última segunda-feira (14) pela Serasa Experian, a procura dos consumidores por crédito cresceu 7,2% em janeiro em comparação ao mesmo mês de 2021. Entretanto, a busca por empréstimos no primeiro mês de 2022 foi a menor desde outubro do ano passado, quando registrou alta de 5,6%.
Segundo Luiz Rabi, economista sênior da Serasa Experian, o aumento na busca por crédito no início do ano é atrelada aos gastos fixos que existem nesse período, como o pagamento do IPVA, IPTU e de materiais escolares, por exemplo. A busca por linhas de crédito é uma variável adotada pelos consumidores para a complementação da renda.
“Os consumidores que precisam fechar as contas do fim do mês recorrem ao recurso financeiro para não ficar no vermelho. No entanto, as altas taxas de juros, também encareceram o acesso ao crédito. Por isso, embora as pessoas continuem precisando, o mês de janeiro registrou o menor percentual dos últimos três meses”, explicou Luiz Rabi.
Ainda de acordo com os dados da Serasa Experian, as regiões com as maiores buscas por empréstimos ou linhas de crédito foram no Centro-Oeste (16%), seguido das regiões Norte (14,5%), Sul (9,8%), Sudeste (5,4%), e Nordeste (3,7%), respectivamente.
Juros alto encarece crédito
O número de famílias endividadas caiu após 13 meses de alta. Isso aconteceu devido à alta dos juros, o que dificultou e tornou mais caro o acesso ao crédito. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Nesse primeiro mês de 2022, um total de 76,1% famílias estavam endividadas, ante a 76,3% em dezembro de 2021, oque representa um recorde na série histórica. Apesar da redução, o valor está bem acima de um ano atrás, quando eram 66,5% nesta situação.
“O endividamento segue em patamar elevado, e essa redução [do próprio endividamento] é reflexo de um cenário desfavorável, em que o encarecimento do crédito pelos juros mais altos afeta a dinâmica de contratação de dívidas dos consumidores”, declarou em nota o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Endividamento sobe entre os mais ricos
Ainda, de acordo com a pesquisa da CNC, são apresentados os resultados por faixa de renda. Enquanto os mais pobres tiveram menos acesso ao crédito, os mais ricos utilizaram mais. Os endividamentos entre os mais ricos saiu de 70,9% e avançou para 71,2%. Enquanto entre os mais pobres caiu para 77,4%, ante 77,7% em dezembro.
Lembrando, que inadimplência e endividamento são termos diferentes. O primeiro tem haver com ter contas em atraso, já o segundo tem relação com utilizar crédito no mercado, seja empréstimos, financiamentos ou até mesmo cartão de crédito.
Em nota divulgada pelo G1, Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, afirmou que isso aconteceu devido a vacinação e menor mortalidade registrada a variante Ômicron: “com a maior flexibilização, as famílias no grupo de renda mais elevada têm revertido suas poupanças, ampliadas durante a pandemia, para o consumo, especialmente de serviços”.
Vale ressaltar ainda que contratar uma linha de crédito pode ser ainda mais complicado na atual situação do Brasil, isso porque, para conter a inflação, o governo decidiu aumentar os juros. A taxa Selic subiu de 9,25% para 10,75%. Ou seja, quem precisar de um empréstimo ou um financiamento pagará muito mais juros do que antes.