Ao decorrer dos anos, os brasileiros estão cada vez mais endividados. Deste modo, é muito comum a população recorrer a empréstimos para complementar a renda e pagar as dívidas. Além disso, a inadimplência da população no país já está em nível recorde. No decorrer disso, a demanda por crédito no país parece ter entrado em rota de desaceleração no primeiro trimestre do ano.
Segundo levantamento divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em março, cerca de 77,5% das famílias estão endividadas. Este representa o maior índice dos últimos 12 anos. O que se mostra aparente na procura por cartão de crédito, sendo este um dos principais vilões da população endividada.
A procura pelo rotativo em 2021 foi a maior em dez anos, somando R$ 224,7 bilhões, segundo dados do BC. Esse crescimento coincidiu com a alta dos juros, da inflação e com o endividamento das famílias.
Luiz Fernando Castelli, economista sênior da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), afirmou que apesar de a inadimplência estar subindo, ela ainda está em um “nível baixo historicamente e não deve comprometer o sistema financeiro”.
Dados divulgados pela entidade na última terça-feira (19) apontam que a estimativa de expansão da carteira de crédito em 12 meses apresentou um pequeno recuo em março na comparação com o mês imediatamente anterior: de 16,3% para 16%.
Concessão de crédito
De acordo com dados da pesquisa do BC, as concessões de crédito com recursos livres para pessoas físicas específicas para cartão de crédito totalizaram R$ 151 milhões em janeiro deste ano, o que representa uma queda mensal de 9% (R$ 166 milhões) e alta anual de 35% (R$ 112 milhões).
Por sua vez, a concessão de crédito com recursos livres total para pessoas físicas registrou queda de 17,5% de dezembro de 2021 a janeiro de 2022 (de R$ 445 milhões para R$ 367 milhões). Na comparação anual, esse valor resultou em um aumento de 36%. Vale lembrar que, no início de 2021, o Brasil ainda sofria os efeitos provocados pela pandemia da Covid-19, o que explica a diferença entre a comparação mensal e a anual.
Expansão da inadimplência
Nos balanços financeiros do quarto trimestre de 2021, os 4 dos 5 maiores bancos do país, estes que são responsáveis por 70% do crédito do sistema financeiro, provisionaram possíveis prejuízos devido à elevação da inadimplência. A previsão, de fato, se confirmou nos primeiros meses de 2022.
Além disso, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito avançou de 2,3% em dezembro do ano passado para 2,5% em janeiro. Esse é o maior patamar desde agosto de 2020 (2,7%), segundo o Banco Central.
O BB teve uma queda no custo da provisão de crédito de liquidação duvidosa. A despesa atingiu R$ 2,5 bilhões de outubro a dezembro de 2021, o que representa uma queda trimestral de 3,4% e anual de 26,5%. De acordo com BB, nos últimos 12 meses, o banco registrou uma evolução de 47% na carteira de cartão de crédito. O índice de aprovação de aumento do limite do cartão, no entanto, não foi informado pelo banco.