O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou nesta terça-feira (30) a primeira reunião do ano para definir o que vai acontecer com a taxa Selic. Basicamente existem três opções. Os diretores podem elevar, manter ou até mesmo reduzir a taxa básica de juros do Brasil.
Mas o mais provável mesmo é que ocorra esta terceira opção. Informações de bastidores dão conta de que há um entendimento entre os diretores do BC de que haverá um novo corte de 0,5 ponto percentual, a exemplo do que ocorreu nos meses anteriores.
Mesmo que a reunião tenha se iniciado hoje, o fato é que uma decisão final sobre o corte da taxa Selic só deve ser divulgada na quarta-feira (31).
A taxa Selic
Hoje, a taxa Selic está em 11,75% ao ano. Caso a queda de 0,5 ponto percentual se confirme, o patamar da taxa básica de juros vai cair a 11,25% ao ano. Estaríamos falando, portanto, da quinta queda consecutiva. Este ciclo de redução teve início no último mês de agosto.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o comitê.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial [convergindo parcialmente em direção às metas] e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, seguiu a nota.
E o que a Selic tem a ver comigo?
Mas afinal de contas, o que uma decisão tomada em uma sala reservada por alguns poucos diretores tem a ver com a sua vida? Muita coisa. A definição da taxa Selic estabelece o total de juros que você vai pagar quando faz uma compra no cartão de crédito, por exemplo.
A Selic é a taxa básica de juros do país. Ela serve de base para todos os juros que são cobrados em várias modalidades de aquisição no Brasil. É o caso, por exemplo, do consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nos últimos meses, a taxa máxima de juros foi reduzida justamente por causa das quedas na Selic.
Consignado do INSS
Para o Ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), as reduções na Selic motivam as reduções no teto de juros do consignado. Em entrevistas recentes, ele vem afirmando que toda vez que a Selic cair, o teto de juros do consignado vai cair também.
“O Ministério da Previdência Social tem, de forma reiterada, respondido às demandas e argumentos das entidades que representam as instituições financeiras, nas questões relacionadas ao teto da taxa de juros nas operações de crédito consignado.”
Lula x BC
Desde o ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traçou uma estratégia de pressionar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, para reduzir a taxa Selic. No início, o petista fez declarações fortes neste sentido.
“Temos de mexer com o coração do presidente do BC [Roberto Campos Neto]. ‘Reduz um pouco os juros que as pessoas estão querendo tomar dinheiro emprestado. Os governadores podem ajudar”, disse Lula ao discursar em evento sobre investimentos de bancos públicos nos estados.
Hoje, no entanto, a avaliação é que a relação entre Lula e Roberto Campos Neto melhorou e já não há uma tensão no ar, mesmo porque, como dito, o BC aprovou uma série de quedas na taxa Selic, e vem sinalizando que deverá aplicar mais reduções no decorrer dos próximos meses.
Vale lembrar que Campos Neto não foi indicação de Lula, mas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).