O Banco do Brasil (BB) teve muitos motivos para comemorar em 2022. De acordo com o relatório de resultados divulgado, a companhia teve um lucro recorde de R$ 31,8 bilhões no ano passado. Aliás, esse valor corresponde ao lucro líquido ajustado da entidade financeira.
Esse montante representa um forte crescimento 51,3% em relação a 2021, quando o lucro do Banco do Brasil totalizou pouco mais de R$ 21 bilhões. A propósito, o resultado representa um retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 21,1% em 2022.
O desempenho anual do BB foi impulsionado, em grande parte, pelo quarto trimestre de 2022. Em resumo, o lucro líquido ajustado do banco alcançou R$ 9 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado. Isso representa um crescimento de 52,4% em relação ao mesmo período de 2021, valor que também foi recorde para resultados trimestrais.
Vale destacar que o lucro registrado no quarto trimestre superou as estimativas do mercado, visto que os analistas projetavam um lucro de R$ 8,11 bilhões no período.
Segundo o BB, o resultado “foi alicerçado no crescimento responsável da carteira de crédito, com inadimplência controlada, no fortalecimento da geração e diversificação de receitas e na disciplina na gestão de custos, tudo isso somado a uma sólida estrutura de capital”.
Banco do Brasil provisiona R$ 788 milhões
O BB também informou que as provisões para crédito de liquidação duvidosa (PCLD) ampliada dispararam 44,7% em relação ao trimestre anterior e 72,4% na comparação com o quarto trimestre de 2021.
Em suma, o indicador se refere à despesa de PCLD líquida da recuperação de crédito, descontos concedidos e perdas por imparidade.
Aliás, o Banco do Brasil não citou a Americanas diretamente, mas disse que o risco de crédito recebeu um forte impacto devido à contabilização de um “evento subsequente”. Isso acabou gerando provisão para uma “empresa do segmento large corporate que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023″.
A saber, o BB revelou ter provisionado R$ 788 milhões dos seus créditos com a Americanas. Inclusive, esse valor corresponde a pouco mais de 50% da dívida da empresa com o banco, que totaliza cerca de R$ 1,4 bilhão.
“Os desdobramentos do caso estão sob monitoramento constante e o volume de provisão acompanhará a evolução das negociações, sendo que eventual necessidade de agravamento adicional do risco e seu impacto em provisão já estão devidamente contemplados nas projeções corporativas de 2023”, informou o relatório do banco.
Vale destacar que o BB não é o maior credor da Americanas. Em síntese, o Bradesco tem R$ 4,8 bilhões a receber da varejista, enquanto o Itaú aguarda o recebimento de R$ 3 bilhões. Por sua vez, o Santander revelou ter reservado R$ 1,1 bilhão no seu balanço, o quer representa 30% da dívida da companhia com o banco.
Carteira de crédito supera R$ 1 trilhão
De acordo com o BB, a carteira de crédito ampliada superou R$ 1 trilhão em dezembro de 2022. Esse valor representa uma alta trimestral de 3,7% e um avanço anual de 14,8%.
No caso da carteira ampliada pessoa física, o valor total registrado no final do ano passado foi de R$ 289,6 bilhões. Em resumo, esse valor ficou 2,7% maior que o do trimestre anterior e 9% superior ao do último trimestre de 2021. Aliás, o crescimento foi impulsionado pela carteira de crédito consignado.
Por sua vez, a carteira ampliada pessoa jurídica teve um avanço mais tímido no trimestre, de 1,1%, mas disparou 12,8% em 12 meses, totalizando R$ 358,5 bilhões. Esse crescimento anual recebeu forte impulso das operações com recebíveis e de TVM privados e garantias, segundo o BB.
A propósito, o banco também destacou que os desembolsos realizados na linha do Pronampe a partir de julho alcançaram a marca de R$ 12 bilhões.
Já em relação à carteira ampliada de agronegócio, houve avanço tanto trimestral (+8,3%), quanto anual (+24,9%). “O BB manteve a posição histórica de principal agente financeiro do agronegócio, contribuindo de forma expressiva com toda a cadeia do agro”, informou a companhia.
O relatório ainda revelou que as receitas de prestação de serviços totalizaram R$ 32,3 bilhões em 2022, alta de 10,2% em relação a 2021. Em resumo, três linhas impulsionaram os resultados:
- Administração de fundos (+11,8%);
- Seguros previdência e capitalização (+14,6%);
- Operações de crédito e garantia (+29,7%).
Por fim, a inadimplência acima de 90 dias atingiu 2,5% em dezembro de 2022. Essa taxa ficou abaixo do Sistema Financeiro Nacional, cujo valor chegou a 3% no final do ano passado. A propósito, o indicador se refere à relação entre as operações vencidas há mais de 90 dias e o saldo da carteira de crédito classificada.