Banco Central dos EUA eleva Juros para maior nível em 16 anos

Banco Central dos EUA eleva Juros para maior nível em 16 anos

BC dos EUA promoveu um novo reajuste de 0,25 ponto percentual, e isso tende a fortalecer o dólar, encarecendo os produtos importados

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, informou nesta quarta-feira (3) a sua decisão sobre os novos rumos da política monetária adotada no país. A entidade financeira elevou a taxa de juros de referência do país em 0,25 ponto percentual (p.p.), para o intervalo de 5% a 5,25%.

Em resumo, o Fed promoveu quatro altas consecutivas de 0,75 p.p. na taxa de juros em 2022. Após essa sequência, a entidade financeira desacelerou as altas, elevando os juros em 0,50 p.p.

Posteriormente, o Fed promoveu mais uma desaceleração, anunciando um reajuste mais leve, de 0,25 p.p. E isso se repetiu nos dois últimos encontros da entidade, um dos quais ocorreu nesta semana.

A elevação continua indicando certo alívio do aperto monetário no país, mas isso só é verdade em partes. Isso porque a taxa de juros nos Estados Unidos chegou ao maior patamar desde 2007, ou seja, o nível dos juros, apesar dos avanços bem leves, atingiu o seu maior ponto em mais de uma década e meia.

Embora os juros tenham subido pela décima vez consecutiva, a taxa veio em linha com as expectativas do mercado, que já esperava a manutenção da alta em 0,25 p.p.

Em suma, a inflação anual nos EUA vem perdendo força nos últimos meses, mas ainda se econtra em patamar bastante elevado.

No acumulado de 12 meses até junho do ano passado, a taxa estava em 9,1%, maior percentual das últimas décadas. Contudo, a inflação desacelerou no segundo semestre de 2022, e vem mantendo a trajetória decrescente em 2023, registrando uma taxa atual na casa dos 5%.

Aliás, essa desaceleração que está fazendo o Fed promover altas mais leves dos juros nos EUA, em vez de um maior aperto monetário.

Juros elevados enfraquecem inflação

Em todo o planeta, os bancos centrais elevam os juros com o objetivo de segurar a inflação nos países. Em síntese, política monetária apertada é sinal de juros elevados em diversos setores, ou seja, a população sofre com o seu poder de compra reduzido.

Esse cenário não é positivo para a economia, que sofre para se manter aquecida, já que a redução do consumo prejudica a atividade econômica dos países.

Apesar de negativa, a ação é vista como um “remédio amargo” para conter a taxa inflacionária. Por isso que os bancos centrais elevam os juros em períodos de inflação elevada, e isso explica as altas promovidas pelo Fed no ano passado, fazendo a taxa inflacionária perder força nos EUA.

Na verdade, isso acontece porque o aumento dos juros limita o avanço da chamada “inflação por demanda”, caracteriza pela alta dos preços de bens e serviços devido à procura elevada dos consumidores.

O presidente do Fed, Jerome Powell, informou em entrevista coletiva que a entidade toma suas decisões sobre a política monetária “com base nos dados econômicos disponíveis”.

Um pouco antes, o Fed fez um comunicado oficial sem mencionar que ainda “antecipa que algum endurecimento adicional pode ser apropriado”. Isso fez os analistas acreditarem que o aumento dos juros chegou ao fim.

“O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação”, explicou o Fed no comunicado.

Decisão do Fed impacta o Brasil

Os juros mais altos nos Estados Unidos deverão afetar todo o planeta. No caso do Brasil, o que mais deverá impactar a vida da população é o aumento dos preços dos produtos importados.

Em resumo, quanto mais altos estiverem os juros nos EUA, mais rentáveis ficam os ativos relacionados ao governo norte-americano. Dessa forma, os investimentos estrangeiros tendem a crescer no país, fortalecendo o dólar em detrimento de outras moedas.

Como a cotação internacional de bens e serviços é feita em dólar, tudo que vier de fora do Brasil deverá ficar mais caro. Nem todos sabem, mas diversos produtos consumidos diariamente vêm do exterior, como o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. A saber, entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior.

Também não há como esquecer os combustíveis. Em síntese, a política de preços da Petrobras leva em consideração a cotação internacional do barril de petróleo e as oscilações do dólar. Assim, quanto mais cara estiver a moeda americana, maiores os riscos de alta dos combustíveis no país.

Além disso, o dólar mais elevado encarece a dívida pública do Brasil e pressiona o BC brasileiro a também manter os juros elevados no Brasil. Isso porque, mesmo com uma inflação mais baixa, uma redução nos juros brasileiros pode fortalecer o dólar e impulsionar novamente a inflação no país.

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