Bahia: estudantes indígenas estudam por meio do Google Classroom

Alunos que nunca tiveram aula on-line estão tendo que se adaptar à nova rotina de estudos durante a pandemia

Os estudantes do Colégio Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas, situado na Aldeia Mãe Tuxá, no município baiano de Rodelas, estão empenhados nos estudos on-line, por conta da suspensão das aulas decorrente da pandemia do novo coronavírus. Embora seja uma situação inédita para professores, gestores e estudantes, as atividades pedagógicas estão sendo realizadas com sucesso, segundo os próprios, por meio da Google Classroom, plataforma de salas virtuais e, de grupos de WhatsApp.

A estudante Larissa Kaylane, 16, 2° ano do Ensino Médio, conta como está sendo a sua rotina de estudos. “Pelo Google Sala de Aula, os professores nos mandam o material para estudo e de exercícios. Admito que é um pouco difícil fazer tarefas sem o professor explicando presencialmente. Mas está sendo uma experiência necessária no momento e os nossos professores ficam à disposição para tirar qualquer dúvida. Organizei uma rotina de estudos, que se inicia às 16h, que é o horário que a minha casa está mais em silêncio e, assim, posso me concentrar mais. Dependendo da demanda, caso eu não tenha conseguido tê-las feito à tarde, eu as faço à noite. Eu e meus colegas estamos sentindo muita falta das aulas presenciais, mas estamos ajudando uns aos outros para que nenhum se prejudique”.

Ana Julha Apako Carraté, 15, 1º ano do Ensino Médio, também fala de sua experiência escolar neste momento de isolamento social. “É a primeira vez que experimento os estudos on-line, por causa da COVID-19. Não está sendo difícil pra mim, embora nas primeiras semanas tenham sido mais complicadas. Criei uma rotina de estudos e estou conseguindo acompanhar o conteúdo das matérias. E, sempre que tenho alguma dúvida, busco o professor no WhatsApp ou pelo app de estudos que estamos usando, o Google Classroom”.

A diretora da unidade escolar, Tayra Vieira Almeida de Oliveira, que tem como nome indígena Tayra Arfer Jurum Tuxá, relata que, como a escola oferece Educação Infantil, Educação Fundamental I e II, Ensino Médio e Educação de Jovem e Adulto (EJA), logo que foram suspensas as aulas, a equipe de professores e os gestores discutiu como poderiam atender todos os alunos nesta fase de isolamento social.

“Alguns professores, inclusive, já na primeira semana da quarentena começaram a encaminhar atividades on-line para os estudantes. O primeiro grupo da Educação Básica que conseguimos organizar foi o do Ensino Médio, a partir dos estudos em salas virtuais, no caso o Google Classeroom. As dúvidas são tiradas via grupos de zap. E os professores vão fazendo este acompanhamento. Eu pedi aos professores que fizessem os seus planejamentos de atividades pedagógicas a partir dos Roteiros de Estudos que a Secretaria da Educação vem disponibilizando no seu portal.

Com os estudantes do Fundamental II, conta a gestora, por terem tido dificuldades em baixar a plataforma da sala virtual, as atividades estão sendo realizadas por meio do WhatsApp e com os livros didáticos. “Os professores indicam as páginas, orientam sobre o conteúdo e ficam à disposição on-line para tirar as dúvidas e receber as atividades feitas no caderno, que são fotografadas e enviadas pelos estudantes”.

Já os estudantes do Fundamental I, por não terem muita habilidade com as redes, as atividades foram impressas. “Na Jornada Pedagógica, já tínhamos programado um projeto de leitura intitulado “Narrativas indígenas: mais leitura, mais encanto” para ser desenvolvido ao longo do ano. Com a suspensão das aulas, resolvemos iniciar o projeto virtualmente.

O site Opará, por meio do Ação Saberes Indígenas, construiu, junto aos nossos professores, livrinhos de literatura e outros materiais didáticos. Pegamos a versão virtual e passamos a trabalhar com os estudantes, com sequência didática e atividades semanais. Os pais recebem e administram a atividade diária para o filho”, relata. *Informações do Consed.

 

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