Auxílio Emergencial: Entenda as barreiras criadas pela exclusão digital

Entenda as barreiras criadas pela exclusão digital e o acesso das famílias mais pobres ao Auxílio Emergencial durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19) que vem devastando economicamente e socialmente o país, afetando principalmente as famílias mais pobres e carentes.

Três em cada quatro brasileiros acessam a internet, o que equivale a 134 milhões de pessoas. Embora a quantidade de usuários e os serviços online utilizados tenham aumentado, a desigualdade informacional ainda persiste e afeta a acessibilidade a programas essenciais como o Auxílio Emergencial, que tem sido a fonte de renda de famílias D e E.

Falta de acesso regular à internet

Vale citar a falta de acesso regular à internet como uma primeira barreira. Os dados mais recentes da pesquisa TIC domicílios apontam que um em cada quatro brasileiros não usam a internet, sendo a maioria da classe D e E e moradores de áreas rurais. Neste contexto, muitas famílias que não têm acesso à internet precisam do Auxílio Emergencial.

O Auxílio Emergencial trouxe à tona problemas antigos do país. Segundo Gonzales: “Alguns estudos que fizemos ao longo da pandemia mostraram os efeitos de diversos auxílios sobre a renda e as pessoas que ficaram de fora”. Ele lembra que enquanto o governo discute a possibilidade da digitalização do cadastro do bolsa família, pessoas de classe mais pobres sofrem por não terem celular nem internet de qualidade.

Esse é o caso de Marcelo Rubens, 45, que depende da boa vontade dos vizinhos, que emprestam o sinal de wi-fi para que ele verifique o depósito do Auxílio Emergencial. Em situação de rua, ele ajuda a cuidar há nove meses da praça Chão de Giz, no centro da capital de São Paulo, após a morte de seu irmão de consideração.

Exclusão digital afetou o acesso ao auxílio emergencial

Como alternativa à falta de acesso a internet, alguns brasileiros acabaram apelando para outros meios. Parte dos voluntários que antes entregavam cestas básicas para famílias de regiões mais pobres, passaram a oferecer o serviço de cadastrar e acompanhar a aprovação do Auxílio Emergencial para essas famílias.

“As pessoas vão arrumando um jeito, criam uma estratégia de sobrevivência. Ainda assim, a impossibilidade de acompanhar o andamento do benefício pode ser suficiente para deixar a família sem o recurso”, diz Gonzalez.

Os pesquisadores também ressaltam que a exclusão digital existe mesmo entre as pessoas que têm acesso pleno à internet. Os entrevistados apontam vários problemas, como não saber baixar o aplicativo, ou não ter espaço o suficiente no celular. Pode-se verificar nesse caso, a falta de informação sobre o aparelho, e a dificuldade de acesso ao aplicativo do Auxílio Emergencial.

Entre os entrevistados, 23% não tinham espaço suficiente em seu aparelho para baixar o aplicativo e 18% não sabiam baixar. Essas porcentagens mostram o impacto negativo da exclusão digital nas populações mais pobres.

González diz que é preciso reconhecer os méritos da caixa por produzir um aplicativo do tamanho do Auxílio Emergencial em tão pouco tempo. “Faz parte do legado da instituição, que vai além de qualquer governo. Mas a questão da digitalização com foco na população de baixa renda precisa ser priorizada pela gestão”.

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