De acordo com estudos realizados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados nesta quarta-feira (19), o programa Auxílio Brasil deverá alavancar a economia, ao longo deste ano. A lei foi publicada em 2 de abril de 2020, estabelecendo o auxílio em 600,00 reais mensais.
Com isso, pelo menos R$ 84 bilhões serão inseridos na economia, dos quais 70,43%, ou o equivalente a R$ 59,16 bilhões, deverão se transformar em consumo imediato, enquanto 25,74% (R$ 21,62 bilhões) se destinarão para quitação ou abatimento de dívidas e 3,83%, ou R$ 3,21 bilhões, serão poupados para consumo futuro. O programa Auxílio Brasil substituiu o Bolsa Família, extinto no ano passado, e teve suas primeiras parcelas mensais pagas aos beneficiários em 2022 a partir de terça-feira (18).
Em entrevista, o economista da CNC, Fabio Bentes, explicou que o valor de R$ 84 bilhões foi apurado tomando por base o benefício mínimo de R$ 400. De acordo com Bendes, “como a gente não sabe quanto cada brasileiro vai receber, porque depende de outras variáveis, a gente fez a conta por baixo. Como o benefício mínimo é de R$ 400 pago a 17,5 milhões de famílias, durante 12 meses, isso perfaz R$ 84 bilhões”.
Os R$ 84 bilhões é o valor que o programa vai disponibilizar, no mínimo, apenas no ano de 2022. Todavia, como o benefício é variável, a estimativa pode ser ainda mais otimista podendo chegar aos R$ 89,9 bilhões. Segundo a CNC, estima-se que cerca de 70% desse montante se destinará ao consumo imediato, mas não ao consumismo, até porque os elegíveis do antigo Bolsa Família estão na pobreza extrema ou na pobreza, afirmou Bentes.
“Há necessidades de curtíssimo prazo, por conta da pandemia e da letargia da economia, e as famílias vão ter que fazer frente a esses gastos com alimentação, com medicamentos, serviços do dia a dia, transportes”, informou o economista. Do total de R$ 59 bilhões que deverão ir para o consumo imediato, a CNC estimou que pela estrutura de gastos do brasileiro, cerca de 47% são sobre o consumo no comércio e no setor de serviços.
Bentes estima que R$ 28 bilhões devem chegar ao comércio, valor que representa um impulso de 1% a 1,5% no faturamento anual do varejo nacional. Todavia ele advertiu, que isso não vai salvar as vendas do comércio em 2022. “Mas pode ajudar o comércio a ter um ano menos amargo no momento em que a expectativa para a economia, este ano, tem sido corrigida para baixo”.
O país está sofrendo um momento muito crítico, diante do grau de endividamento da população. Assim, o percentual de recursos destinado ao pagamento de dívidas tende a ser relativamente alto dessa vez, já que a inflação por sua vez também não para de aumentar.
Segundo dados do Banco Central (BC), 30,3% da renda média dos brasileiros estavam comprometidos com dívidas no terceiro trimestre do ano passado, maior patamar da série histórica iniciada em 2005. “Mas a gente sabe que, por conta da inflação, dos juros mais altos, o comprometimento da renda seguramente deve aumentar um pouco, pelo menos nessa primeira metade de 2022”, informou a instituição.
Todavia, ainda sobre a entrevista, com o avanço do Auxílio Brasil, é esperado que a economia cresça 0,3% este ano. Estes fatos ajudam no sentido de disponibilizar um pouco mais de recursos para consumo, o que acaba aliviando um pouco mais o ano difícil que o comércio vai ter pela frente.