As primeiras manifestações da literatura portuguesa

A Literatura Portuguesa teve suas primeiras manifestações há oito séculos, com registros em galego-português (língua originada na região da Península Ibérica), resultado da relação cultural existente entre Portugal e Galícia.

De maneira geral, as manifestações literárias que ocorreram em Portugal influenciaram significativamente a literatura brasileira. Isso porque ela começou a surgir no Brasil durante o Período Colonial, quando o território era uma colônia portuguesa. É o que explica também a popularidade dos livros e autores portugueses, como Luís Vaz de Camões, Eça de Queiroz e José Saramago, entre os brasileiros até os dias de hoje.

Ao longo do tempo, do século XII ao período atual, a Literatura Portuguesa acompanhou as diversas transformações políticas e sociais pelos quais o país passou. Por conta disso, ela pode ser dividida em eras e subdividida em escolas literárias. São elas: Era Medieval (Trovadorismo e Humanismo), Era Clássica (Renascimento, Barroco, Neoclassicismo), Era Romântica (Romantismo, Realismo, Naturalismo, Simbolismo e Modernismo).

A Era Medieval e o início da Literatura Portuguesa

No período medieval, as manifestações literárias em muitos países da Europa tinham referências religiosas e ficavam restritas aos membros da nobreza, visto que, a maioria da população não sabia ler.

Em Portugal, os chamados “trovadores” deram início à literatura por meio de cantigas sobre temas como amor e amizade (poesia lírica) ou maldizer e escárnio (poesia satírica), cantadas em festas e castelos.

O Trovadorismo teve como destaque o poeta Paio Soares de Taveirós e sua obra considerada a mais antiga, a “Canção Ribeirinha”, também conhecida como “Canção de Guarvaia”. Dom Duarte, Dom Dinis, João João Garcia Guilhade e Aires Nunes são outros nomes que marcaram a época.

O período de transição da cultura medieval para a clássica, entre os anos de 1434 e 1527, estimulou o fortalecimento de outros tipos de demonstrações artísticas na Literatura Portuguesa, como o teatro, a prosa historiográfica (crônica histórica) e a poesia palaciana (produzida nos palácios). Essa escola literária, chamada Humanismo, contou com artistas importantes, como Fernão Lopes e Gil Vicente.

Era Clássica

Em meio à queda do feudalismo, da expansão marítima e o desenvolvimento do capitalismo, nos séculos XVI, XVII e XVIII, predominaram a poesia, a prosa e o teatro, com inspirações da Antiguidade Clássica, com foco na mitologia, bucolismo e exaltação da vida no campo.

O Renascimento surgiu no século XVI e sua efervescência cultural culminou no desenvolvimento da Literatura Portuguesa com o surgimento de novos gêneros, como os romances de cavalaria e a literatura de viagens.

As grandes descobertas e feitos de Portugal, por exemplo, passaram a serem narrados pelos autores da época, como Luís Vaz de Camões no poema “Os Lusíadas”, que conta a história do país. Nesse período também, Sá de Miranda trouxe da Itália um estilo conhecido como dolce stil nuevo (doce estilo novo).

Já na escola literária barroca, que prevaleceu durante o século XVII, as questões religiosas e sociais tiveram foco. Suas principais características eram a linguagem rebuscada, as figuras de linguagem e o estilo melancólico que retratava a insatisfação com os problemas da sociedade. No Barroco, os principais destaques foram o Padre Antônio Vieira e os seus “Sermões”, Antônio José da Silva, com “Anfitrião” e Frei Luís de Souza (Os Anais de D. João III).

Encerrando a Era Clássica, no século XVIII surge o Arcadismo, nome que faz referência à região da Grécia antiga chamada de Arcádia e, considerado um local de inspiração poética. Também conhecido como Neoclassicismo, essa escola literária buscou influência nos valores greco-romanos, como a valorização da natureza e a mudança na estética para uma linguagem mais simples, diferente do requinte encontrado no Barroco. Destaque para a fundação da Arcádia Lusitana, em 1756, importante academia literária da época. Seus principais representantes foram Curvo Semedo, Manuel Maria Barbosa du Bocage e José Agostinho de Macedo.

Era Moderna ou Romântica

Romantismo, Realismo e Naturalismo, Simbolismo e Modernismo foram às escolas que se destacaram na Era Moderna, que compreende o período de 1825 até os dias atuais.

Entre 1825 e 1865, o Romantismo marcou o fim do Arcadismo apresentando especificidades como a subjetividade, a nostalgia e a melancolia. Marcado por gêneros literários variados, que iam da poesia ao romance, teve como principais nomes Júlio Dinis, com “Uma Família Inglesa”; Alexandre Herculano, com “Eurico, o Presbítero”; Almeida Garret, com “Folhas Caídas”; e Camilo Castelo Branco e suas “Memórias do Cárcere”. As tensões da época e as insatisfações com as consequências da Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas também foram retratados nas obras literárias.

Com características opostas ao romantismo, o Realismo e Naturalismo coexistiram entre os anos de 1865 e 1890 com obras que retratavam questões cotidianas, sem idealismo ou subjetividade. Ambos aparecem juntos por possuírem muitos pontos em comum, como o cientificismo e o materialismo. O “Cântico do Realismo”, de Cesário Verde; a “Liga Patriótica do Norte”, de Antero de Quental; e o “Primo Basílio”, de Eça de Queiroz são manifestações literárias que se destacaram nessa época.

De 1890 até 1915, o Simbolismo, com sua estética rebuscada, predominou na Literatura Portuguesa. Se opondo ao racionalismo, cientificismo e racionalismo do Realismo, tinha como foco a musicalidade, subjetivismo e a transcendências. Algumas obras da época são “Oaristos” de Eugênio de Castro, Clepsidra (Camilo Pessanha) e Despedidas (Antônio Nobre), estão entre as mais importantes.

A publicação da revista Orpheu, em 1915, deu início ao Modernismo na Literatura Portuguesa. Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro, os idealizadores do periódico, apresentaram um conteúdo inovador e diferenciado, com influências de manifestações de outros países da Europa, como originalidade, excentricidade e distanciamento do sentimentalismo.

Literatura Contemporânea

Compreende os séculos XX e XXI e possui referências que vão desde a década de 1940, com a geração de Orpheu, de Fernando Pessoa, com as várias tendências estéticas que convergiram nos anos 1950, além da poesia concreta de 1960. É também caracterizada pelo realismo, equilíbrio e experimentalismo.

Entre os principais artistas dessa escola literária na Literatura Portuguesa estão José Saramago (Prêmio Nobel de Literatura em 1998), Antônio Lobo Antunes (As Naus) e José Cardoso Pires (O Delfim).

A Literatura Portuguesa no curso de Letras

Quem tem interesse em seguir a carreira de licenciatura em Letras encontrará a Literatura Portuguesa na sua grade curricular trazendo de forma mais aprofundada todo o contexto histórico apresentado nesse texto. O objetivo dessa disciplina no curso é analisar a evolução e o legado dos gêneros literários.

Além dela, o curso de Letras conta também com as matérias de Linguística, Leitura e Produção de Texto, Fonética e Fonologia, Morfologia e Sintaxe, Semântica e Sociolinguística.  Outro detalhe importante sobre a matriz curricular de Letras é a variedade de habilitações, que podem ser em idiomas como inglês, francês, espanhol, italiano, entre outros.

 

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