Aposentados se mobilizam e exigem reajuste extra a cada 5 anos. Será que o governo vai ceder?
Aposentados de todo o país estão se mobilizando e unindo forças para exigir um aumento adicional em seus benefícios a cada cinco anos. Essa campanha, liderada pelo Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados Pensionistas e Idosos), visa garantir a criação de um adicional de 5% nas aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) por meio do projeto de lei 1.468, proposto pelo deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS). Embora seja um desafio aprovar uma proposta desse tipo no atual Congresso, os aposentados estão determinados a colocar o tema em debate, visto que a população está envelhecendo e é necessário considerar o impacto econômico e social dessa questão.
A defasagem no reajuste dos benefícios do INSS
A proposta de criação do quinquênio dos aposentados surge como uma resposta à defasagem no reajuste dos benefícios do INSS em comparação com o salário mínimo. Atualmente, o salário mínimo é o piso das aposentadorias, e desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu seu terceiro mandato, em 2023, tem havido aumentos acima da inflação para esse valor. Isso significa que os aposentados que recebem o salário mínimo têm um reajuste maior do que os demais beneficiários.
No entanto, para aqueles que recebem aposentadorias, pensões e outros benefícios acima do salário mínimo, o reajuste é apenas com base na inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Essa diferença nos reajustes tem gerado uma defasagem significativa ao longo dos anos, prejudicando os aposentados que não recebem o salário mínimo.
O projeto de lei 1.468: igualdade de benefícios para todos
O projeto de lei 1.468, proposto pelo deputado Pompeo de Mattos, busca corrigir essa defasagem e garantir igualdade de benefícios para todos os aposentados do INSS. A proposta não faz diferenciação entre aqueles que recebem o salário mínimo e aqueles que recebem benefícios maiores. Se aprovada, a medida garantiria um adicional de 5% a cada cinco anos para todos os beneficiários do INSS.
O deputado se baseou na proposta de quinquênio para juízes e membros do Ministério Público, que também prevê um adicional de 5% a cada cinco anos para essa categoria. Ele ressalta que não busca retroatividade, mas sim a implementação do adicional a partir da aprovação do projeto.
O impacto econômico e social da proposta
A proposta de criação do quinquênio dos aposentados vai além da correção da defasagem nos reajustes dos benefícios. Ela também é vista como uma iniciativa que coloca os idosos no foco da economia e pode movimentar a economia local. Segundo dados apresentados durante o lançamento da campanha, 70% dos municípios têm como principal renda o dinheiro dos benefícios dos aposentados. Portanto, ao implementar o adicional de 5%, haveria um aumento no valor dos benefícios, impulsionando o consumo e melhorando a economia dessas regiões.
Milton Cavalo, presidente do Sindnapi, destaca a importância do reajuste adicional para os aposentados e ressalta que toda essa renda extra será destinada aos beneficiários. Ele ressalta que a proposta é uma forma de valorizar os aposentados e gerar benefícios para toda a sociedade, considerando o envelhecimento da população brasileira.
Convênio com o Dieese: medindo o custo de vida dos idosos
Além da mobilização pela aprovação do projeto de lei, o Sindnapi retomou um convênio com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) para criar um índice de custo de vida dos idosos. Esse índice, denominado ICV-I (Índice do Custo de Vida dos Idosos), visa medir a inflação específica dessa faixa etária e seus gastos, fornecendo subsídios para negociações com o governo e parlamentares em busca de melhorias.
Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese, destaca a importância de entender as diferenças de consumo dos idosos em relação a outras faixas etárias. O ICV-I será construído considerando as particularidades desse grupo, como o peso dos gastos com medicamentos. Com o envelhecimento da população, é fundamental organizar uma referência que reflita a realidade inflacionária dos idosos e que possa orientar as discussões no Congresso.
O apoio das entidades sindicais e dos aposentados
A campanha pela aprovação do projeto de lei conta com o apoio da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos) e das representações de aposentados da Força Sindical, da CUT (Central Única dos Trabalhadores), da UGT (União Geral dos Trabalhadores), da Intersindical e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Essas entidades sindicais reconhecem a importância da proposta e se unem aos aposentados na luta por melhores condições de vida e de reajuste dos benefícios.
Aprovação do projeto de lei ganha força
A mobilização dos aposentados em busca de um aumento adicional a cada cinco anos é uma demanda legítima e necessária. A defasagem nos reajustes dos benefícios do INSS em relação ao salário mínimo tem prejudicado aqueles que não recebem o valor mínimo. A proposta de criação do quinquênio dos aposentados visa corrigir essa defasagem e garantir igualdade de benefícios para todos os aposentados.
Além disso, a proposta pode movimentar a economia local, uma vez que 70% dos municípios têm como principal renda o dinheiro dos benefícios dos aposentados. A implementação do adicional de 5% a cada cinco anos aumentaria o valor dos benefícios, estimulando o consumo e gerando impacto positivo na economia.
Para embasar as discussões no Congresso, o Sindnapi retomou o convênio com o Dieese para criar o ICV-I, um índice que medirá a inflação específica dos idosos e seus gastos. Essa medida é fundamental para compreender as particularidades do custo de vida dessa faixa etária e subsidiar as negociações por melhorias junto ao governo e parlamentares.
Com o apoio das entidades sindicais e dos aposentados, a campanha pela aprovação do projeto de lei ganha força e coloca os idosos no centro das discussões sobre a economia e o envelhecimento da população brasileira. Resta acompanhar os desdobramentos dessa mobilização e aguardar a resposta do governo diante dessa legítima reivindicação dos aposentados.