Os brasileiros que pagam aluguel ficam atentos às notícias sobre os preços de locação dos imóveis. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), considerado a inflação do aluguel, subiu 0,05% em março, após recuar 0,06% no mês anterior.
Embora tenha avanço, a taxa continua próxima da estabilidade. Na verdade, os últimos meses de 2022 já mostravam desaceleração, quando a inflação havia variado 0,56% em novembro e 0,45% em dezembro. Em outras palavras, os preços do setor desaceleraram no país e continuam com pouca variação.
Em síntese, o indicador é popularmente conhecido como inflação do aluguel. A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo levantamento, divulgou os dados no dia 30 de março.
O índice funciona como um indexador de contratos, incluindo os de locação de imóveis. No entanto, o IGP-M não fica limitado a aluguéis, atingindo também contratos de tarifas públicas e seguros, por exemplo.
Além disso, influencia mensalidades de escolas e universidades, tarifa de energia elétrica e planos de saúde. Em outras palavras, o IGP-M é muito importante para diversos segmentos da sociedade, influenciando-os de maneira direta.
Com o acréscimo do resultado de março, o índice passou a acumular uma variação de 0,17% nos últimos 12 meses, ou seja, os preços de locação de imóveis se mantiveram praticamente estáveis no país no período. A título de comparação, o IGP-M acumulava uma forte alta de 14,77% em 12 meses em fevereiro de 2022.
“O IGP-M acumulado em doze meses segue em desaceleração e registra a sua menor taxa desde fevereiro de 2018, quando apresentara queda de 0,42%. Os índices componentes do IGP-M também apresentaram desaceleração nas taxas interanuais”, disse André Braz, coordenador dos índices de preços.
IGP-M abrange três índices
Em suma, a variação do IGP-M se dá por três indicadores:
- Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
- Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Em março, dois dos indicadores registraram aceleração, na comparação com fevereiro. Assim, impulsionaram o IGP-M no mês, que passou do campo negativo para o positivo. A única exceção foi o INCC, cujos preços desaceleraram levemente.
Apesar da aceleração registrada pelo IPA e pelo IPC, apenas o último ficou em campo positivo. O IPA e o INCC tiveram taxas negativas, ou seja, os preços caíram e aliviaram levemente o bolso dos consumidores. Contudo, os recuos foram bem tímidos.
Preços ao consumidor seguem em queda
Em resumo, o IPA exerce o maior impacto no IGP-M. Por isso, o indicador considerado a inflação do aluguel tende a apresentar variações semelhantes a do IPA.
Em março, o indicador passou de -0,20% para -0,12%, permanecendo no campo negativo, mas com uma queda levemente menor que a de fevereiro. O subgrupo combustíveis para o consumo manteve a taxa do IPA negativa ao passar de 4,07% para -1,46%.
No caso do IPC, a taxa variou 0,66% em março, após alta de 0,38% no mês anterior. A taxa acelerou devido ao acréscimo registrado por cinco das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV Ibre.
Em síntese, a aceleração veio dos grupos transportes (0,19% para 2,22%), habitação (0,37% para 0,84%), saúde e cuidados pessoais (0,73% para 1,00%), alimentação (-0,01% para 0,14%) e vestuário (0,09% para 0,20%).
Nestas classes de despesa vale destacar a variação dos respectivos itens: gasolina (-1,00% para 6,52%), tarifa de eletricidade residencial (0,07% para 2,04%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,82% para 2,32%), hortaliças e legumes (-6,63% para -2,75%) e roupas (0,11% para 0,29%).
Por outro lado, os grupos educação, leitura e recreação (0,46% para -1,50%), despesas diversas (1,69% para 0,13%) e comunicação (0,77% para 0,46%) tiveram decréscimo em suas taxas em março.
As maiores influências vieram de cursos formais (2,57% para 0,00%), serviços bancários (2,61% para 0,00%) e combo de telefonia, internet e TV por assinatura (1,68% para 0,24%), respectivamente.
Inflação da construção desacelera
O terceiro indicador que compõe o IGP-M desacelerou em março, limitando a alta da inflação do aluguel. A saber, o INCC desacelerou de 0,21% em fevereiro para 0,18% em março. Aliás, o decréscimo do indicador é o segundo consecutivo, mas as variações foram tão leves que nem devem ter sido sentidas pelos consumidores.
O resultado de março do indicador foi enfraquecido pelas variações de dois dos três grupos componentes do INCC. As oscilações foram as seguintes: materiais e equipamentos (0,16% para -0,07%), serviços (1,10% para 0,88%) e mão de obra (0,10% para 0,27%).
Estes dados mostram que a inflação do aluguel não subiu de maneira mais expressiva em março devido ao INCC. Ao mesmo tempo, o IPA também se manteve no campo negativo, ajudando a segurar o IGP-M.