De acordo com a pesquisa da Anab (Associação Nacional das Administradoras de Benefícios), 47% dos entrevistados tiveram que ajustar o orçamento em 2021 para não perder o plano de saúde. O levantamento coletou respostas de mais de mil pessoas em todo o país, este revelou que 83% das pessoas têm medo de perder o plano.
A pesquisa foi feita no último mês de abril com 1.012 pessoas, de 16 anos ou mais, responsáveis pelas principais decisões do domicílio. As entrevistas foram realizadas por telefone. “O medo de perder o acesso [ao plano de saúde] pode ser motivado pelo aumento das taxas de desemprego ao longo da pandemia de covid-19”, destacou o presidente da Anab, Alessandro Acayaba de Toledo.
Planos de saúde encarecidos
Além dos aumentos anuais nos preços dos planos de saúde, outro fator de encarecimento é a idade. Quando o consumidor faz aniversário e muda de faixa etária, a mensalidade também fica mais cara.
Esse foi o caso de uma vendedora do Rio de Janeiro, que não quis se identificar. Ao completar 59 anos em fevereiro deste ano, seu plano de saúde ficou 74,47% mais caro. A mensalidade passou de R$ 715,23 em fevereiro para R$ 1.247,91 em março. Com o aumento, o valor do plano passou a consumir metade do salário dela, que recebe dois salários mínimos por mês.
A aposentada Rosana Rizzutti passou pela mesma situação no final do ano passado. Em dezembro, completou 59 anos e seu plano passou de R$ 1.300 para R$ 2.117,39. Este valor resultou em um aumento de 62,87%, porcentagem esta que que ficou muito caro para sua realidade.
Ao entrar em contato com a empresa de venda e administração de planos de saúde, para cancelar o serviço, a Qualicorp, ofereceram um plano mais barato, que custaria pouco menos de R$ 1.400. Rizzutti aceitou, mas o boleto seguinte veio ainda mais caro, com mensalidade de R$ 2.247,08.
“Tentei migrar para outros planos individuais, mas não consegui. Acabei entrando em um plano empresarial com meu sobrinho, que é criança, para conseguir um plano mais barato para mim. Hoje pago R$ 1.679 para nós dois”, afirma Rizzutti.
Detalhes da pesquisa sobre plano de saúde
De acordo com ele, a portabilidade é uma das saídas para quem precisa reduzir o custo com o plano de saúde, mas sem perdê-lo. “É direito do beneficiário. O interesse pela portabilidade aumentou 12,5% de acordo com a ANS [Agência Nacional de Saúde]. Em alguns casos, foi possível reduzir em 40% os custos com a saúde”, ressaltou Toledo.
Segundo o levantamento, entre os que não têm plano de saúde, 83% consideraram que ele é necessário. Dos entrevistados que são usuários exclusivos do Sistema Único de Saúde (SUS), 68% precisaram de algum tipo de atendimento médico em 2021, mas relataram dificuldade no acesso.
Para 88% das pessoas ouvidas, a necessidade de um plano de saúde permaneceu a mesma ou aumentou durante a pandemia. A pesquisa mostrou ainda que uma em cada quatro pessoas disse que precisou buscar mais ajuda médica após o início da pandemia de covid-19.