O mercado financeiro ajustou, pela terceira semana consecutiva, suas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil. Conforme o Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira (26) pelo Banco Central (BC), as estimativas agora apontam para uma inflação de 4,46% ao final deste ano, marcando uma leve queda em relação aos 4,49% projetados há uma semana.
O Boletim Focus, que é lançado semanalmente, oferece uma visão consolidada das expectativas das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos. As perspectivas otimistas se estendem para o ano de 2024, com a previsão de que o próximo ano encerre com uma inflação de 3,91%.
Entretanto, é relevante notar que as projeções para 2023 permanecem acima do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para o próximo ano, o CMN definiu uma meta de inflação de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso implica que o limite inferior aceitável é de 1,75%, enquanto o superior é de 4,75%.
Além disso, o cenário cambial projeta uma queda na cotação do dólar, conforme indicam as últimas análises do mercado financeiro. De acordo com o boletim divulgado, a moeda norte-americana encerrará o ano de 2023 cotada a R$ 4,90.
Taxa básica de juros
O Banco Central, buscando atingir as metas de inflação estabelecidas, mantém a taxa básica de juros, conhecida como Selic, em 11,75% ao ano para o ano de 2023, conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Vale lembrar que a Selic é utilizada como uma ferramenta de política monetária para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, controlar a inflação.
As projeções do mercado financeiro, no entanto, sinalizam uma possível redução da Selic. Segundo as últimas análises, a expectativa é de que a taxa encerre o ano de 2024 em 9%, marcando uma revisão para baixo em relação à previsão anterior de 9,25% feita há apenas uma semana. Para os anos subsequentes, as estimativas apontam para uma Selic de 8,50% ao final de 2025 e 2026.
A primeira reunião do Copom em 2024 está agendada para os dias 30 e 31 de janeiro, momento crucial para definir os rumos da política monetária no próximo período. Vale destacar que, entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom elevou a Selic 12 vezes consecutivas.
Entenda a relação entre Selic e a inflação
Quando há sinais de que a economia está aquecendo demais e a demanda por bens e serviços está alta, o Banco Central pode aumentar a taxa Selic. Ao elevar os juros, o crédito torna-se mais caro, desestimulando o consumo e os investimentos. Isso, por sua vez, reduz a demanda e ajuda a controlar a pressão inflacionária.
Por outro lado, se a economia estiver desacelerando e houver riscos de deflação, o Banco Central pode reduzir a Selic. Juros mais baixos facilitam o acesso ao crédito, incentivam o consumo e os investimentos, impulsionando a atividade econômica.
Portanto, a Selic desempenha um papel crucial na busca pelo equilíbrio entre o crescimento econômico e o controle da inflação. É importante destacar que essa relação é dinâmica e depende das condições específicas da economia em um determinado momento. O Banco Central utiliza análises constantes para tomar decisões sobre a taxa de juros, levando em consideração diversos indicadores econômicos.