Os impactos causado pela pandemia de Covid-19 afetaram bruscamente o setor econômico do Brasil. Assim, em meio a toda instabilidade, parte da população carente do país vem sendo a que mais sofre com todas as dificuldades do período. Em virtude disso, o governo vem adotando estratégias e programas sociais que amenizem o sofrimento dos mais vulneráveis. Dentre elas, medidas como o Auxílio Emergencial são um bom exemplo.
Contudo, além de toda crise econômica, social e sanitária, a população brasileira lida com o aumento da inflação. Este, então, proporciona a elevação no preço de produtos básicos em nosso dia a dia. Desse modo, produtos como o gás de cozinha, que vem sofrendo uma valorização constante, começam a ficar fora da realidade de parte dos trabalhadores.
Então, em razão do aumento brusco dos valores do produto, alguns estados já se movimentaram, disponibilizando algum tipo de Vale Gás. Isto é, benefício para facilitar e ajudar a população carente na aquisição do gás de cozinha.
Recentemente, portanto, Jair Bolsonaro declarou que o Governo federal não possui nenhuma relação com o aumento do preço do produto. Em seguida, o presidente também comentou sobre a possibilidade da criação de um vale Gás Nacional.
De acordo com Bolsonaro, o benefício poderia ser criado por meio da Petrobras que, de acordo com o mesmo, possui um fundo de R$ 3 bilhões.
Petrobras se posicionou sobre o tema
Segundo Joaquim Silva e Luna, presidente da empresa, até o momento não existem planos da Petrobras sobre a elaboração de um Vale Gás Nacional. Este indica, portanto, que nada sobre o tema teria sido discutido.
Além disso, de acordo com presidente da Petrobras, a quantia citada por Bolsonaro não seria um fundo da empresa, mas sim um valor no qual o Governo Federal possui direito.
Vale Gás já vem sendo distribuído pelo governo de alguns estados do Brasil
Alguns estados como o Ceará e o Maranhão já iniciaram o processo de formulação do programa para aquisição do gás de cozinha antes mesmo do produto virar uma tema nas reuniões do Governo Federal. Assim, o estado de São Paulo também aderiu ao programa, que paga parcelas de R$ 100 à população carente com a intenção de ajudar na compra do produto.
Nesse sentido, questionado sobre o tema, o atual governador de São Paulo, João Dória, declarou que o benefício já é realidade. Ademais, ele afirma que mais de 1 milhão de famílias vem tendo acesso ao auxílio financeiro.
Produto chega a custar R$ 135 em algumas localidades
O aumento dos preços no Brasil está afetando diretamente a qualidade da alimentação da população e também a maneira como as refeições estão sendo preparadas.
Com aumento dos valores do botijão de 13 kg do gás liquefeito de petróleo (GLP), alguns brasileiros vem recorrendo a meios alternativos de preparo de seus alimentos. Isto é, como a utilização do fogão a lenha ou estão até mesmo deixando de cozinhar todos os dias, a fim de economizar o produto.
Ademais, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, desde o início deste ano de 2021, o preço médio do botijão de gás já teve um aumento de cerca de 30%. Assim, passando de R$ 75,29 para o valor médio de R$ 96,89.
Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, em média, o valor do botijão de gás compromete cerca de 1,3% do orçamento familiar. No entanto, este peso é sentido mais pelas famílias que possuem uma renda mais baixa.
Por fim, em algumas localidades, os consumidores chegam a gastar cerca de R$ 135 na aquisição do produto, mais de 10% do valor do salário mínimo.
Houveram modificações no consumo
“A gente tem uma sociedade com uma renda baixa, um desemprego elevado, e isso já tem feito com que a gente tenha um brasileiro que consome muito menos. Está sobrando menos comida em cima da mesa”, pontua Juliana Inhasz, coordenadora de economia do Insper.
A economista também aponta que, diferente de alguns produtos, o gás de cozinha não é facilmente substituído.
“Você não vai conseguir substituir gás de cozinha por nada, dependendo de onde você mora. Não vai conseguir, por exemplo, colocar um fogão a lenha”, completou.
Uma das opões mais fáceis seria substituir o produto por equipamentos que utilizam a eletricidade para gerar uma fonte de calor. Contudo, o preço da energia elétrica também sofreu aumento, o que deixou parte da população sem saída.
“O que ele vai ter que fazer no limite é comer coisas as coisas mais cruas, repensar os seus hábitos. Ao invés de fazer comidas em pequenas porções, fazer porções maiores. Para quem não conseguir fazer uma economia vai significar um custo muito maior e menos dinheiro para comprar o resto. Para a grande maioria pode começar a ser insuficiente para suprir o que é básico, o que é minimamente necessário”, finaliza a economista.
Por que o preço do produto vem subindo tanto?
O preço final do gás de cozinha é composto pelo valor exercido pela Petrobras nas refinarias, tributos federais, e estaduais somados ao custo de distribuição e revenda.
Desde o mês de março, os tributos federais sobre o gás de cozinha de 13 kg estão zerados. Porém, a quantia representa somente 3% do valor final.
- Petróleo: o gás de cozinha é um derivado do petróleo. Portanto, isto contribui para o aumento de seu preço, já que desde o início de 2021, os preços internacionais dos barris de petróleo tiveram alta de mais de 40%.
- Câmbio: como parte do preço do gás de cozinha está diretamente relacionada à taxa de câmbio, a desvalorização do real quando em comparação ao dólar também faz com que o preço pese no bolso do consumidor brasileiro.
- ICMS: o imposto estadual possui certo impacto sobre o assunto. Como o imposto é cobrado através de uma estimativa calculada sobre o preço médio do produto, com a alta do gás de cozinhas, alguns estados também aumentaram o valor do tributo.
- Custos operacionais: o aumento dos valores cobrados pelo gás também são um reflexo do aumento dos custos relacionados à logística e transporte. As distribuidoras tem pagados valores maiores para efetuarem o transporte do produto.