Vai ter Horário de Verão em 2023? Veja informações ATUALIZADAS
Muitas pessoas estão se perguntando se vai ter horário de verão em 2023. Caso a pergunta fosse feita em setembro, a resposta certamente seria um não. À época, não havia necessidade do retorno da regra, segundo os técnicos do governo, pois os reservatórios estavam cheios e a regra era considerada ultrapassada.
Contudo, nas últimas semanas, a certeza sobre a suspensão do horário de verão no Brasil deixou de ter tanta força. As condições dos reservatórios continuam boas no país e os técnicos ainda acreditam na pouca eficiência da regra. Entretanto, como nem tudo se baseia em estudos, a pressão de setores econômicos vem dando força ao retorno do horário de verão em 2023.
Inclusive, em meados de novembro, o próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse defender um debate sobre a volta do horário de verão. No entanto, semanas atrás, a área técnica do Ministério de Minas e Energia havia informado que o retorno da regra em 2023 era desnecessário.
O ministro afirmou que o retorno não deve considerar apenas a economia de energia, mas também os impactos que as mudanças nos hábitos da população poderão causar.
“Eu vejo a discussão sem nenhum tabu. Eu defendo isso no governo, o horário de verão deve ser desatrelado da questão exclusivamente energética. O horário de verão tem outras repercussões“, disse o ministro durante entrevista à GloboNews.
Onda de calor aumenta consumo de energia no Brasil
Em novembro, a demanda por energia elétrica bateu recorde no país, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em suma, a forte onda de calor que atingiu o Brasil fez a população utilizar de maneira mais intensa a energia elétrica.
Para fugir do calor, os brasileiros encontraram uma saída no uso de aparelhos como o ar-condicionado e o ventilador, que mantêm o ambiente fresco e resfriado. Com isso, a demanda por energia superou 100 GW (gigawatts) em alguns dias de novembro, marca inédita no Brasil.
Inmet emite novo alerta sobre onda de calor
Nesta terça-feira (12), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso meteorológico especial de nível laranja, que representa perigo, referente a uma nova onda de calor. O fenômeno deverá atingir a maior parte do Centro-Oeste e do Sudeste, mas também alcançará áreas do Norte e do Nordeste.
A saber, as temperaturas máximas poderão superar 40°C nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e interior de São Paulo. O cenário deverá se manter até o próximo domingo (17), o que poderá forçar os brasileiros a utilizarem ainda mais energia elétrica para fugirem do calor.
Horário de verão está suspenso desde 2019
O horário de verão foi implementado de forma constante em 1985, visando a preservação do sistema elétrico e a economia de energia através do adiantamento dos relógios em uma hora. Portanto, a regra tem como objetivo fazer com que a população aproveite de uma maneira mais proveitosa a luz natural.
A regra foi instituída pela primeira vez no Brasil em 1931, durante o governo de Getúlio Vargas, ou seja, há mais de 90 anos. No entanto, apenas em 1985 que a regra se tornou constante, sendo adotada todos os anos.
Como os dias são mais longos no verão, enquanto as noites duram um pouco menos, o governo instituiu o horário de verão. Assim, a população poderia aproveitar a luz natural, já que demora mais para anoitecer, enquanto a manhã chega mais cedo. Assim, reduz-se o gasto de energia elétrica e, consequentemente, evita-se o risco de apagões.
Contudo, em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, optou-se por suspender o horário de verão no país, e isso também deverá se manter neste ano.
O principal motivo para a suspensão da regra foi a mudança dos hábitos de consumo de energia elétrica dos brasileiros nos últimos tempos. O cenário atual vem mostrando que o horário de verão não se mostra mais tão eficaz quanto anteriormente, e o governo poderá optar por manter a regra suspensa em 2023.
Governo ainda vai decidir sobre horário de verão
Embora a área técnica do Ministério de Minas e Energia tenha informado meses atrás que não haveria necessidade do retorno do horário de verão, não cabe à pasta essa decisão. Na verdade, cabe ao governo federal decidir se a regra voltará ou se continuará suspensa no país.
Em suma, o Planalto reúne as informações técnicas, mas também considera as pressões políticas. Caso decida retomar o horário de verão, o presidente irá editar um decreto estabelecendo a adoção da regra em 2023.
De todo modo, o governo ainda não decidiu se o horário de verão voltará neste ano.
Entidades econômicas pedem retorno do horário de verão
Em setembro, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo o retorno do horário de verão. De acordo com a entidade, o horário de verão é muito vantajoso para o setor de bares e restaurantes do Brasil e pode aumentar o faturamento de 10% a 15%.
“No momento em que o setor ainda se recupera dos prejuízos causados pela pandemia, a implementação da medida beneficiaria um setor que gera renda direta para mais de 7 milhões de brasileiros e tem cerca de 1,5 milhão de empreendimentos no país“, informou a Abrasel.
A carta enviada pela Abrasel ainda ressaltou que a volta do horário de verão movimentará a economia do país, impactando não só o setor de bares e restaurantes, mas também outros setores, com destaque para o comércio e o turismo, “uma vez que os turistas tendem a aproveitar melhor os destinos, estendendo suas atividades até mais tarde“.
Por sua vez, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) disse que a regra reduz custos no consumo de energia elétrica. Assim, incentiva a circulação das pessoas nos comércios do país por mais tempo e promove o aumento das vendas no varejo.
“A reintrodução dessa prática é essencial para a promoção do comércio, o fomento da economia e o bem-estar de sociedade como um todo“, disse a entidade, em nota assinada pelo presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine.
A ACSP ainda citou outros três benefícios com a volta do horário de verão:
- Fomento ao turismo, com aumento da demanda nos setores hoteleiro e de entretenimento;
- Maior segurança nas ruas, graças à iluminação natural, já que os relógios serão adiantados;
- Alinhamento a outros países que também adotam a mesma regra.