O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou na noite desta quarta-feira (22) que as exportações de carne bovina para a China estão temporariamente suspensas. A decisão atende ao protocolo sanitário entre o Brasil e o país asiático e acontece devido à detecção da doença da vaca louca.
Em resumo, isso aconteceu devido à confirmação de um caso de vaca louca no Pará. Aliás, decisões dessa natureza acontecem com pouca frequência no país, mas sempre em que há confirmação da doença. E um dos procedimentos consiste na interrupção das exportações da proteína bovina para o país asiático.
Na verdade, o Brasil realiza procedimentos de vigilância, investigação e notificações recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). E, seguindo os procedimentos do protocolo sanitário, o país suspendeu as exportações de carne bovina para a China.
“Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China serão temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira (23). No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado para demonstrar todas as informações e o pronto restabelecimento do comércio da carne brasileira”, afirmou o Mapa em nota.
Caso não representa risco ao ser humano
A propósito, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) confirmou o caso da vaca louca no estado na própria quarta-feira.
Além disso, o governo do Pará informou que a “sintomatologia indica que se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano“.
O Mapa também informou que o animal diagnosticado com a vaca louca foi abatido e incinerado. A saber, esse é o procedimento padrão em casos de animais infectados.
“Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne”, afirmou o ministro Carlos Fávaro na nota divulgada pela pasta.
China tem grande participação nas exportações
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a suspensão temporária das exportações para a China poderá causar grandes perdas para o mercado nacional de carne. Isso porque, juntamente com Hong Kong, a China responde por mais da metade dos embarques dos frigoríficos do país.
O presidente da Associação de Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, explicou que a suspensão das exportações de carne bovina para a China devem durar até abril. Em suma, o prazo prolongado é necessário para esclarecer todos os pontos e retomar os embarques.
A propósito, a detecção da vaca louca, com a consequente suspensão das importações, pode provocar um prejuízo de cerca de US$ 500 milhões, segundo Augusto de Castro. Ele deu entrevista para a CNN.
“Esse valor é muito distante do prejuízo bilionário do período de suspensão em 2021, mas vai acontecer. Além disso, os embarques serão adiados, os produtores não vão perder tudo por causa da suspensão. Parte pode ser direcionada ao mercado interno e também a outros países”, informou Augusto de Castro.
Vale destacar que a última vez que o Brasil suspendeu os embarques de carne bovina para a China devido à doença da vaca louca foi em 2021. À época, o país confirmou dois casos de animais infectados, em Minas Gerais e Mato Grosso.
Como o Brasil seguiu o protocolo estabelecido com a China, cabia ao país asiático informar quando aceitaria novamente a carne bovina brasileira. E isso durou mais de 100 dias, causando prejuízos bilionários ao setor.
Aliás, a demora foi provocada, em grande parte, pela relação conflituosa que o ex-presidente Jair Bolsonaro possuía com a China. Isso porque o ex-presidente culpava os chineses pelo novo coronavírus, que culminou na pandemia da covid-19, decretada em 2020.
Carne bovina não deve ficar mais barata
Apesar da suspensão das exportações de carne bovina para a China, o que pode aumentar a oferta no mercado nacional, não há expectativas para o barateamento da proteína para a população.
O presidente da Associação de Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, explicou que o preço do boi vivo está em queda no mercado internacional. Em síntese, isso até pode aliviar um pouco os preços da proteína. Contudo, não será suficiente para reduzir os valores.
As previsões indicam que os preços deverão se manter com pouca ou nenhuma alteração pelos próximos dias. No entanto, nas próximas semanas, o fluxo comercial deverá ser retomado, visto que não há carne bovina suficiente.
Além disso, os pecuaristas do país, após a informação da suspensão das exportações, podem segurar o gado por mais tempo no pasto. Assim, poderá acontecer o inverso, e os preços da proteína subirem no país, devido ao aumento dos custos para manter os animais no pasto.vac