A Universidade de São Paulo (USP) concedeu o título póstumo de Doutor Honoris Causa a Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882), um intelectual negro que lutou pelo abolicionismo no Brasil durante o século XIX.
A concessão aprovada pelo Conselho Universitário da USP na última terça-feira, dia 29 de junho, é um marco porque, desde sua criação, é a primeira vez que o título de Doutor Honoris Causa é concedido a um brasileiro negro.
Proposto pela Congregação da Escola de Comunicações e Artes (ECA), o título teve aprovação por unanimidade, em reunião virtual do Conselho. Na ocasião, o reitor da USP, Vahan Agopyan, celebrou o título: “Este é um dia marcante para celebrarmos este grande brasileiro. A Universidade de São Paulo se sente muito honrada em poder conceder este título a Luiz Gama”, afirmou o reitor.
Quem foi Luiz Gama?
Nascido em 1830, em Salvador (BA), Gama era filho de um fidalgo português com Luiza Mahín, africana livre da Costa Mina que teve papel de destaque em levantes dos escravos na Bahia no início do século XIX contra a escravidão.
Luiz Gama nasceu como um homem livre, mas o seu pai o vendeu quando ele tinha 10 anos. Após a venda, levaram Luiz Gama para São Paulo e lá ele aprendeu a ler a escrever. Aos 17 anos, Gama conseguiu a sua liberdade judicialmente.
Posteriormente, ele tentou ingressar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, que atualmente é da USP, mas não foi aceito. Ainda assim, ele frequentou diversas aulas de forma não oficial e acessava os livros da biblioteca. Foi desse modo que conseguiu conhecimento para advogar a favor de escravos em busca de sua libertação.
Gama atuou como advogado, jornalista e foi também um grande poeta do seu tempo. Apesar de seu papel de destaque no Romantismo e no jornalismo, sua principal atuação foi como abolicionista. Segundo ele, o seu sonho era viver em um país “sem reis e sem escravos”.
O intelectual faleceu aos 52 anos, em 1882, antes da assinatura da Lei Áurea, que foi em 1888. Até hoje o seu trabalho em prol da libertação é reconhecido, tenho ele recebido título póstumo de advogado pela OAB, em 2015. Em 2018, Luiz Gama foi declarado por lei como patrono da abolição da escravidão no Brasil.
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