O índice de atividades turísticas do Brasil encolheu 0,4% em junho deste ano, em comparação com o mês anterior. A queda eliminou uma pequena parte do ganho acumulado entre abril e maio, período em que o turismo brasileiro cresceu 4,7%.
Apesar do recuo mensal, o índice de atividades turísticas continua distante do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. O segmento de turismo está 4,9% acima do patamar pré-pandemia.
Por falar na crise sanitária, o setor turístico sofreu fortes perdas nos últimos anos, e não só o nacional. A crise sanitária afundou o turismo em todo o mundo devido ao incentivo ao distanciamento social e às restrições às viagens, medidas que visavam evitar a disseminação do coronavírus.
Em 2022, o índice de atividades turísticas do Brasil cresceu 29,9% em relação a 2021, refletindo a recuperação do turismo nacional. Aliás, o desempenho surpreendeu os analistas, que não esperavam uma alta tão significativa assim.
A melhora do quadro sanitário e o fim das restrições fortaleceram a busca dos consumidores por viagens e pacotes turísticos em todo o país. Inclusive, o indicador de turismo teve um crescimento de 4,1% em dezembro de 2022, impulsionando o resultado anual.
Em janeiro deste ano, o índice cresceu levemente, apesar da forte base comparativa, indicando resiliência do setor. No entanto, entre fevereiro e março, as taxas ficaram negativas, mas os resultados foram bem tímidos, próximos da estabilidade.
Turismo se afasta do recorde histórico
Em primeiro lugar, vale destacar que o turismo brasileiro ficou abaixo do patamar pré-pandemia por quase dois anos, até novembro de 2022. Entretanto, conseguiu superar essa marca em dezembro do ano passado, e vem se mantendo acima dela desde então.
Embora tenha eliminado todas as perdas acumuladas na pandemia, o índice de atividades turísticas continua distante do patamar mais alto já observado na série. A saber, o indicador está 2,6% abaixo do ponto mais alto já registrado, alcançado em fevereiro de 2014.
Em suma, a distância era de 6,7% em abril, mas o forte resultado de maio fez o indicador eliminar boa parte da distância, caindo para 1,9%. Em junho, a taxa voltou a crescer, mas de maneira menos intensa.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.
Turismo cresce em relação a junho de 2022
De acordo com o IBGE, o índice de atividades turísticas caiu na base mensal, mas cresceu fortemente na comparação anual. Em resumo, o turismo brasileiro cresceu 9,7% em relação a junho de 2022, 27ª taxa positiva consecutiva.
O crescimento anual vem ocorrendo desde abril de 2021, justamente devido à fraca base comparativa. Isso porque a pandemia foi decretada em março de 2020 e, a partir de então, derrubou os dados não só do turismo mundial, mas também do nacional.
Como a pandemia afetou diretamente o índice de atividades turísticas, todos os dados se enfraqueceram, principalmente a partir de abril 2020. Dessa forma, o indicador passou a registrar avanços significativos em relação ao mesmo período do ano anterior em 2021, e vem mantendo essas taxas positivas até hoje.
Em relação a junho de 2022, o índice de atividades turísticas cresceu em nove dos 12 locais pesquisados pelo IBGE. A alta mais importante veio de São Paulo (8,5%), seguido por Rio de Janeiro (14,3%), Minas Gerais (16,6%) e Bahia (14,1%). Por outro lado, os impactos negativos mais intensos vieram do Ceará (-9,3%) e do Rio Grande do Sul (-3,2%).
Turismo no primeiro semestre de 2023
O indicador do IBGE também acumulou uma alta firme de 8,6% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2022. O resultado foi impulsionado por empresas dos seguintes ramos:
- Locação de automóveis;
- Restaurantes;
- Hotéis;
- Agências de viagens;
- Serviços de bufê;
- Transporte rodoviário coletivo de passageiros.
“Regionalmente, todos os doze locais investigados também registraram taxas positivas, onde sobressaíram os ganhos vindos de São Paulo (7,6%), seguido por Minas Gerais (19,1%), Rio de Janeiro (9,3%), Bahia (12,2%) e Paraná (12,8%)“, explicou o IBGE.
A pesquisa é feita apenas com 12 Unidades da Federação (UFs), que são: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Expectativas para 2023
Apesar dos fortes resultados registrados nos últimos meses, a expectativa é que isso não aconteça de maneira recorrente em 2023, visto que a base comparativa se fortaleceu nos últimos tempos. Aliás, o ano de 2022 ficou marcado pela recuperação do turismo nacional e mundial, com taxas bastante expressivas.
Em junho do ano passado, a base comparativa ficou mais fraca, o que explica o crescimento significativo observado. Contudo, isso não deverá se repetir nos próximos meses. Os analistas projetam crescimento do turismo brasileiro neste ano, mas sem discrepância em relação ao ano passado.