Economia

Taxa Selic: nova decisão do Banco Central irrita o Governo Lula

Em decisão que não chegou a surpreender, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. A decisão foi tomada ainda no início da noite desta quarta-feira (3). Tal patamar está em vigor desde o início de agosto de 2022, e é alvo de críticas por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No comunicado enviado juntamente com a decisão, o Copom avaliou que o momento requer “paciência e serenidade na condução da política monetária”. O documento aponta ainda que poderá “retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária. O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o comunicado.

“O Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional”, diz o comunicado.

Na prática, o Copom afirma que poderá até mesmo elevar ainda mais a taxa Selic no Brasil nos próximos meses. Entretanto, ao contrário do comunicado anterior, desta vez o Banco Central reconhece que este cenário é “pouco provável”, o que indica que uma redução da taxa Selic pode estar mais próxima e pode ser feita já nas próximas reuniões, marcadas para o segundo semestre.

Oficialmente, o Copom se reúne a cada 45 dias para definir a taxa Selic. A reunião desta quarta-feira (3) foi a terceira decisão tomada já sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e esta foi a terceira derrota consecutiva do petista na guerra que ele vem travando para pressionar por uma redução da taxa de juros.

Os juros mais altos do mundo

Embora a taxa Selic não tenha subido mais uma vez, o fato é que o Brasil ainda segue com a liderança do ranking global de juros reais. Ao menos é o que aponta um levantamento feito pelo MoneYoy e pela Infinity Asset Management.

Quando se desconta a inflação de 5,32% do Brasil, os juros reais do país ficam em 6,82%.

  • Brasil: 6,8%;
  • México: 6.13%;
  • Colômbia: 5,13%;
  • Chile: 4,89%;
  • Filipinas: 2,62%;
  • Indonésia: 2,48%;
  • África do Sul: 2,37%;
  • Turquia: 2,2%;
  • Israel: 1,65%;
  • Hing Kong: 1,55%;
  • Nova Zelândia: 0,55%;
  • Malásia: 0,54%;
  • Reino Unido: 0,25%;
  • China: 0,22%;
  • Rússia: 0,2%;
  • Estados Unidos: 0,08%;
  • Índia: -0,1%;
  • Coreia do Sul: -0,17%;
  • Espanha: -0,26%;
  • Grécia: -0,3%;
  • Taiwan: -0,53%;
  • Suíça: -0,66%;
  • Dinamarca: -0,72%;
  • Bélgica: -0,78%;
  • Tailândia: -0,78%;
  • Holanda: -0,83%;
  • Cingapura: -1,12%;
  • Canadá: -1,17%;
  • Austrália: -1,56%;
  • Portugal: -1,63%;
  • França: -163%;
  • Japão: -1,94%;
  • Alemanha: -2,29%;
  • Itália: -2,46%;
  • Áustria: -2,46%;
  • Hungria: -2,94%;
  • República Tcheca: -3,16%;
  • Suécia: -5,37%;
  • Polônia: -5,37%;
  • Argentina: -13,02%

O que falta para a redução dos juros no Brasil?

O Governo Federal esperava que depois da apresentação da proposta do novo arcabouço fiscal, o BC pudesse reduzir ao menos um pouco a taxa de juros no Brasil. O desenho foi entregue ao Congresso Nacional pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) em meados do último mês de abril.

Contudo, o fato é que este ato não parece ter sido suficiente para a redução da taxa de juros. Em declaração recente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que reconhece os esforços do Governo Federal, mas está aguardando por mais “condições estruturais”.

“Nenhum banqueiro central gosta de subir juros. Então, a gente obviamente quer achar as condições estruturais para que isso (a queda de juros) aconteça”, disse ele.

Na prática, analistas afirmam que o BC está esperando por medidas mais práticas no controle das contas públicas por parte do Governo Federal. Além disso, a autoridade monetária também aguarda o fim da discussão sobre a meta de inflação para ter mais clareza sobre o cenário.