Nesta semana, o clima nos corredores da emissora Bandeirantes não é dos melhores. Depois de uma tentativa de investir pesado no Programa do Faustão e não obter o retorno esperado, a avaliação dos diretores é de que os cortes serão necessários. Desde que o apresentador Fausto Silva deixou a empresa, uma espécie de efeito dominó se formou.
Segundo informações de bastidores, na última semana a Band demitiu funcionários que atuam na TV aberta e na tv fechada, além da Rádio Bandeirantes e do site oficial do grupo na internet. A crise financeira que atinge a empresa vem sendo confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radio fusão e Televisão do Estado de São Paulo.
“As demissões estão ocorrendo um pouco a cada dia para não configurar que está sendo em massa. Para evitar as evidências, as demissões estão ocorrendo até no período da noite (…) Ao errar na contratação do Faustão e sem cacife financeiro para dar dinamismo ao programa, a Band tenta burlar demissões em massa”, dizem representantes do sindicato.
“Agora, quem está pagando por essa aposta furada são os trabalhadores com a perda de seus empregos. Muitos dos demitidos trabalharam com a produção do Faustão se sacrificando com jornadas exaustivas de mais de 12 horas sem sequer receber as horas extras”, completa o representante dos jornalistas no estado de São Paulo.
Até aqui, não há indicação de que funcionários da primeira linha de atuação da Bandeirantes tenham sido demitidos. Contudo, a emissora não descarta que novos desligamentos possam ocorrer, e que possam atingir os profissionais mais cacifados da casa.
“Jornalistas foram demitidos em diversas praças no interior do estado, inclusive profissionais com larga experiência. O programa Bora São Paulo, que era feito com participação das praças do interior, saiu da grade. Com isso, a sociedade perde informação e os jornalistas, o seu ganha-pão”, completa a nota do sindicato.
Denúncias de assédio moral
Nos últimos dias, a revista Veja publicou uma reportagem relatando outros problemas nos corredores da Bandeirantes. De acordo com as informações, existia um clima de tensão nos bastidores, que teria sido causado pela baixa audiência que o programa do Faustão estava registrando.
“Era um clima muito pesado. Havia ali a cultura do medo. As pessoas têm muito, muito medo do Fausto. As demissões aconteciam de forma inexplicável, muita gente competente era desligada sem qualquer motivo”, disse um funcionário que pediu para não ter o seu nome divulgado pela matéria.
“Nunca houve condição do programa dar certo, todos tinham essa consciência. Fausto não falava com a produção, mal sabe o nome dos sete ou oito diretores que trabalhavam com ele”, seguiu.
Demissões
Não é apenas a TV Bandeirantes que está demitindo parte dos seus funcionários nos últimos dias. Outras empresas da área de mídia também estão realizando uma série de mudanças no seu esquema de contratação. É o caso, por exemplo, da própria TV Globo, que lidera os índices de audiência da tv aberta no Brasil.
Nos últimos meses, a empresa vem optando por contratar artistas por obra, ou seja, ela pode fazer os pagamentos apenas enquanto eles estão trabalhando em um determinado projeto. Quando a parceria chega ao fim, o vínculo é interrompido.
Em entrevista recente, a autora Manoela Dias, que escreveu novelas como Amor de Mãe, falou sobre o assunto.
“A Globo, como todo o audiovisual e o mercado de trabalho, está passando por muitos desafios e transformações. Mas essa questão de uma espécie de ‘uberização’ de todas essas relações de trabalho é uma questão muito maior do que a Globo e é uma questão muito complexa.”
Desde o início do ano, grandes nomes do audiovisual foram demitidos. Fausto Silva é apenas um dos grandes exemplos.