O crescimento dos gastos em um ritmo mais acelerado do que o aumento das receitas contribuiu para uma queda de aproximadamente 40% no superávit primário do Governo Central, composto pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, durante o mês de outubro.
De acordo com dados divulgados hoje, o superávit primário atingiu R$ 18,277 bilhões no último mês. O valor marca uma redução significativa em comparação aos R$ 30,592 bilhões registrados em outubro de 2022.
Os números revelam uma queda de 40,3% em valores nominais e uma redução de 43% em termos reais, quando ajustados pela inflação. Vale lembrar que o superávit primário reflete o saldo positivo das contas do governo, desconsiderando os juros da dívida pública.
Outubro apresenta superávit histórico
O resultado financeiro de outubro revelou-se como o quarto melhor da história em termos nominais, sendo superado apenas pelos registros de outubro de 2022, 2020 e 2016. Em valores reais, ajustados pela inflação, o superávit alcançado neste último mês classificou-se como o oitavo maior para o período.
De acordo com informações disponibilizadas pelo governo federal, o recorde para meses de outubro foi estabelecido em 2016. Na época o superávit chegou a R$ 40,872 bilhões, impulsionado pela repatriação de recursos do exterior ocorrida na época.
Embora tenha havido uma queda neste ano em comparação ao mesmo período de 2022, o resultado superou as expectativas das instituições financeiras. Segundo os dados da pesquisa Prisma Fiscal, divulgada mensalmente pelo Ministério da Fazenda, os analistas de mercado antecipavam um superávit de R$ 17 bilhões para o mês de outubro.
Despesas crescem impulsionadas por programas sociais e previdência
No cenário fiscal, as receitas apresentaram um aumento notável em comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar disso, as despesas também registraram um crescimento em volume superior, impulsionadas pelo programa Bolsa Família e pelos gastos relacionados à Previdência Social.
Os dados divulgados pelo Ministério da Fazenda indicam que no decorrer do último mês, as receitas líquidas aumentaram 5,5% em valores nominais. Ao ajustar esse dado para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a elevação atingiu 0,6%. Esse desempenho reflete uma tendência positiva, indicando um aumento real nas receitas do Governo.
Por outro lado, as despesas totais apresentaram um crescimento significativo de 15,4% em valores nominais durante o mesmo período. Após descontar a inflação, medida pelo IPCA, o aumento ainda se mantém expressivo, atingindo 10,1%. Esse aumento nas despesas é atribuído principalmente aos investimentos no programa social Bolsa Família e aos gastos relacionados à Previdência Social.
Nos últimos meses os gastos governamentais apresentaram um aumento impulsionado pelo lançamento do novo Bolsa Família. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, os gastos com programas sociais apresentaram um aumento de R$ 6,8 bilhões, superando a inflação. Além disso, os gastos destinados à Previdência Social registraram um acréscimo de R$ 2,3 bilhões.
Ao analisar a queda no superávit e o aumento nas despesas totais, observa-se uma dinâmica complexa entre as demandas sociais crescentes e a necessidade de manter a responsabilidade fiscal. Apesar disso, o investimento no Bolsa Família, com um acréscimo de R$ 6,8 bilhões, e na Previdência Social, com R$ 2,3 bilhões adicionais, reflete o compromisso do governo com programas sociais.