O volume de serviços no país encolheu 3,1% em janeiro, na comparação com dezembro de 2022. O resultado negativo já era esperado devido a forte base de comparação, uma vez que o setor geralmente tem um desempenho mais expressivo no último mês de cada ano.
Embora tenha recuado, o setor ainda se encontra 10,3% acima do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Em resumo, a crise sanitária é um marco muito importante para a análise do desempenho do setor de serviços. Isso porque a pandemia afundou a atividade devido à restrição da circulação das pessoas no país, reduzindo significativamente a influência exercida na atividade econômica brasileira.
Em 2021, os serviços começaram a se estabilizar no país, mas sem registrar um crescimento muito expressivo. No entanto, em 2022, o setor mostrou uma recuperação muito firme e conseguiu crescer 8,3% em relação ao ano anterior, batendo recorde da série histórica, que teve início em 2011.
De acordo com o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, a queda do setor em janeiro elimina o ganho acumulado de 3,0% entre novembro e dezembro de 2022. Contudo, destaca que a base comparativa estava em nível muito elevado.
Nos últimos meses do ano passado, a retomada de serviços presenciais ajudaram a expandir ainda mais o setor de serviços no país, com destaque para os ramos de transportes e armazenagem.
A propósito, os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Veja as atividades que caíram em janeiro
De acordo com o IBGE, três das cinco atividades pesquisadas do setor de serviços encerraram janeiro em queda, na comparação com dezembro. Veja abaixo as variações de cada uma das cinco atividades:
- Serviços prestados às famílias (+1,0%);
- Informação e comunicação (+1,0%);
- Serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%);
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-3,7%);
- Outros serviços (-9,9%).
Embora o ramo de outros serviços tenham apresentado o maior recuo percentual, foram os transportes que mais influenciaram o setor em janeiro, derrubando-o no país.
“A queda do setor é explicada pela parte de armazenagem, que recuou 9,0%, com destaque negativo para gestão de portos e terminais; assim como o transporte aéreo de passageiros, que recuou 5,9% no mês”, disse Lobo.
Por sua vez, o setor de outros serviços tiveram um forte tombo em janeiro, após registrarem crescimento de 9,4% no mês anterior. Em suma, esse movimento aconteceu devido a receitas atípicas recebidas em dezembro pelas empresas que atuam nos segmentos de serviços financeiros auxiliares, segundo o gerente da pesquisa.
“No mês dezembro, frequentemente, há o recebimento de bônus por performance. Com isso, temos uma base de comparação elevada, ocasionando uma queda em janeiro, quando esse adicional de receita não está mais presente no faturamento das empresas do segmento”, explicou Lobo.
A terceira atividade que encolheu em janeiro foi a de serviços profissionais, administrativos e complementares. O recuo eliminou parte do ganho de 3,8% acumulado nos dois últimos meses de 2022.
Setores crescem em janeiro
Apesar de três ramos do setor de serviços terem encolhido em janeiro, outros dois fecharam o mês em alta. A saber, o ramo de serviços prestados às famílias cresceu 1,0%, segundo resultado positivo consecutivo. Entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, o setor acumulou ganho de 3,5%.
Em síntese, a crise sanitária afetou fortemente o serviços prestados às famílias. Isso aconteceu porque o governo passou a incentivar o distanciamento social. Como essa atividade se baseia em serviços realizados presencialmente, o seu desempenho acabou sendo muito prejudicado pela pandemia.
Da mesma forma, os serviços de informação e comunicação também cresceram em janeiro. Com isso, a atividade recuperou parte da queda (-2,5%) verificada nos dois últimos meses de 2022.
Segundo o IBGE, duas áreas se destacaram em janeiro, impulsionando os dados da atividade: telecomunicações (8,1%) e em serviços de TI (3,6%).
Setor de serviços encolhe em 16 UFs
A pesquisa também revelou quais unidades federativas (UFs) exerceram as maiores influências negativas na taxa nacional em janeiro. Em suma, o setor de serviços encolheu em 16 das 27 UFs.
Confira abaixo, em ordem, os principais impactos negativos registrados no país:
- São Paulo: -2,6%
- Rio de Janeiro: -5,5%
- Minas Gerais: -2,6%
- Distrito Federal: -7,2%
Em contrapartida, as principais contribuições positivas vieram do Paraná (3,0%), seguido por Bahia (2,4%), Espírito Santo (3,9%) e Piauí (13,3%).
Vale destacar que, na comparação com janeiro de 2022, o volume de serviços cresceu em 25 UFs. As únicas exceções foram Mato Grosso do Sul (-6,4%) e Acre (-2,0%). Já os principais crescimentos vieram de São Paulo (4,3%), Rio de Janeiro (8,2%), Minas Gerais (10,9%), Paraná (12,1%) e Rio Grande do Sul (11,5%).
Por fim, vale destacar que os serviços respondem por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Isso quer dizer que, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira vai avançar.