O volume de serviços no país cresceu 0,9% em maio deste ano, na comparação com abril. A alta eliminou parte da queda de 1,5% observada no quarto mês de 2023 e aproximou o setor do recorde histórico registrado em dezembro de 2022.
Em resumo, o setor de serviços iniciou o ano em queda, afundando em janeiro. O resultado negativo foi provocado pela forte base comparativa, frente a dezembro de 2022, uma vez que o setor de serviços costuma ter um desempenho muito expressivo no último mês de cada ano.
Com o acréscimo do resultado de maio, o setor passou ficar 11,5% acima do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Nos últimos anos, a crise sanitária prejudicou significativamente o setor de serviços no país. O incentivo à restrição da circulação das pessoas para diminuir os riscos de disseminação do vírus afetou diversas atividades que dependem fortemente da presença física das pessoas.
No acumulado entre janeiro e maio de 2023, o volume de serviços cresceu 4,8% na comparação com o mesmo período de 2022. Em suma, houve taxas positivas em todas as atividades e em 59,6% dos 166 tipos de serviços investigados.
Todos os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.
Quatro das cinco atividades de serviços crescem no mês
De acordo com o IBGE, quatro das cinco atividades pesquisadas do setor de serviços encerraram maio em alta, na comparação com abril, impulsionando a média nacional. Veja abaixo as variações de cada uma das cinco atividades:
- Serviços prestados às famílias (1,1%);
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,2%);
- Outros serviços (0,6%);
- Informação e comunicação (0,2%);
- Serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,0%).
Em síntese, o setor de transportes exerceu a maior influência no setor de serviços em todos os meses deste ano. Entre janeiro e março, a atividade impulsionou o volume nacional, acumulando um ganho de 6,5% no período. Contudo, em abril, a atividade derrubou a taxa nacional ao cair 4,3%.
Em maio, a atividade voltou a crescer no país, exercendo novamente o maior impacto na média nacional, mas dessa vez de maneira positiva.
“Em relação ao tipo de uso, tanto o transporte de cargas quanto o de passageiros avançaram no mês. Já sob a ótica do modal, os principais impactos para o resultado positivo vieram do rodoviário de cargas, do aéreo de passageiros e do aquaviário de cargas“, explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Em resumo, o bom desempenho das empresas de transporte de cargas foi impulsionado pelo setor agrícola, que teve um forte desempenho no mês. A saber, o Brasil teve recordes da safra de grãos na primeira metade de 2023, e isso influenciou os transportes, principalmente o rodoviário de cargas, disse o gerente da pesquisa.
“Esse impacto não é de agora. A partir de maio de 2020, ainda no início da pandemia, houve um crescimento importante desse setor, muito ligado ao aumento na produção agrícola e também ao boom do comércio eletrônico, com a migração em larga escala das vendas em lojas físicas para as plataformas online“, avaliou Lobo.
Serviços prestados às famílias crescem em abril
Em maio, o ramo de serviços prestados às famílias conseguiu registrar a segunda taxa positiva consecutiva. Entre abril e maio, a atividade acumulou ganho de 2,2%, fortalecendo o setor nacional de serviços. Aliás, em abril, o ramo foi o único a ter uma taxa positiva entre as cinco atividades pesquisadas pelo IBGE.
“Esse resultado em maio é ligado principalmente aos serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada, com destaque para as empresas que fornecem alimentos preparados para outras empresas, como para aviões, presídios e restaurantes universitários“, explicou Lobo.
Em síntese, a pandemia da covid-19 afetou fortemente os serviços prestados às famílias. Isso aconteceu porque o governo passou a incentivar o distanciamento social, afetando a atividade, que se baseia em serviços realizados presencialmente. Assim, o seu desempenho acabou sendo muito prejudicado pela pandemia.
Com a melhora do quadro sanitário no país, a atividade vem recuperando as perdas e registrando taxas positivas nos últimos meses.
Setor de serviços cresce em 24 das 27 UFs
A pesquisa também revelou que o setor de serviços cresceu em 24 das 27 unidades federativas (UFs) em maio. Entre os recuos, a principal contribuição negativa veio de São Paulo (-1,5%), que limitou o crescimento da taxa nacional.
Entre os avanços, os principais impactos positivos registrados no país em maio vieram, respectivamente, de:
- Mato Grosso: 22,5%;
- Rio de Janeiro: 3,4%;
- Minas Gerais: 2,6%;
- Rio Grande do Sul: 2,0%;
- Goiás: 5,0%.
“Boa parte dos serviços investigados em Mato Grosso, dentro do transporte, tem tido um bom desempenho, o que impulsiona o resultado do estado. O setor agro, que vem apresentando recorde de safra, influencia muito o transporte rodoviário de cargas“, avaliou o gerente da pesquisa.
“Como um todo, os transportes representam 77% dos serviços de Mato Grosso, então qualquer movimentação de crescimento ou de queda determina o resultado do setor no estado“, acrescentou Rodrigo Lobo.
Por fim, vale destacar que os serviços respondem por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Isso quer dizer que, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira vai avançar.