De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), São José dos Campos (SP) é a primeira cidade inteligente do Brasil. O município, que fica na região do Vale do Paraíba, foi certificado pela associação após uma parceria com o Parque Tecnológico São José dos Campos, uma espécie de condomínio na cidade que reúne diversas empresas e startups de tecnologia. A certificação levou em consideração 276 indicadores, divididos em diversos setores, como serviços urbanos e qualidade de vida.
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A certificação tem como principal objetivo não apenas destacar os fatores de aplicação tecnológica, mas como melhores práticas afetam a qualidade de vida dos cidadãos. Para ser considerada inteligente, a cidade precisa estar de acordo com as normas da ISO, que são regulamentadas pelo World Council on City Data (WCCD), instituição ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
São José dos Campos conquistou a certificação de cidade inteligente nas três normas ISO designadas para esta finalidade: NBR ISO 37120, NBR ISO 37122 e NBR ISO 37123 – cada uma delas possui ênfase em tópicos essenciais para o bom funcionamento de um município. A norma ISO 37120 refere-se à qualidade de vida e sustentabilidade; a ISO 37122, à tecnologia; e a ISO 37123, à capacidade de prevenção e ação diante de desastres naturais e à economia da cidade, chamado de resiliência.
Certificação
A ABNT destaca que, a partir da certificação, gestores públicos tem acesso a dados padronizados e auditados por um organismo independente, que serão utilizados para orientar decisões de gestão e planejamento. A chancela de padrões ISO garante maior relevância à certificação e atrai mais atenção, já que se trata de padrões internacionais.
Atualmente, apenas 79 municípios no mundo são certificados como cidades inteligentes. Para estabelecer um padrão para aplicação das normas e, consequentemente, a certificação para as cidades brasileiras, a ABNT fez a adoção e validação dos indicadores e, em parceria com o PqTec e a Prefeitura Municipal de São José dos Campos, executou o processo para certificação.
Para receber a certificação de cidade inteligente é necessário passar por um processo rigoroso, composto por quatro etapas: envio dos indicadores e normas aos responsáveis, análise dos documentos recebidos e cadastro, auditoria da consultoria especializada Smart Frees e, por fim, a auditoria da ABNT. Durante o processo de certificação, cada um dos 276 indicadores precisou ser comprovado por meio de evidências documentais.
O trabalho desenvolvido pela equipe do Parque Tecnológico gerou metodologia própria de diagnóstico de cidades inteligentes e de acompanhamento do processo de certificação. O PqTec pode ser acionado por outros municípios para realizar mapeamento de indicadores e, assim, diagnosticar se a cidade tem as qualificações necessárias para se certificar.
Mercado de cidades inteligentes deve aumentar
Um estudo da consultoria Technavio aponta que a projeção de crescimento anual médio do mercado global de cidades inteligentes será de 19,43% até 2025. Dessa forma, é possível que o setor alcance o valor de US$ 151,99 bilhões em três anos. De acordo com a publicação, o crescimento desse setor será motivado por ações governamentais como uma forma de evitar a superpopulação nas cidades metropolitanas.
As economias desenvolvidas na América do Norte e na Europa, por exemplo, já trabalham no desenvolvimento de cidades inteligentes há uma década e já implementaram muitos projetos. Já a Ásia-Pacífico (APAC) é a região que mais cresce em termos de tecnologias de cidades inteligentes, já que economias emergentes como Índia e China ainda estão em fase de planejamento e estão lançando muitos projetos-piloto.
A rápida taxa de urbanização em países como a Índia é um dos principais fatores responsáveis pela implantação de projetos de cidades inteligentes, pois a infraestrutura de cidades inteligentes ajuda os usuários finais (como agências governamentais, serviços de saúde e serviços de transporte) a responder mais rapidamente a desafios enfrentados pelos assentamentos urbanos.
Já no Brasil, os investimentos em cidades inteligentes são puxados principalmente pelas áreas de governança inteligente, que se dá por meio da associação entre o uso da tecnologia e criação de programas de governo por parte da administração pública.