Salário Mínimo deveria ser 5 vezes maior

De acordo com estudo do Dieese, o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.754,33 em abril.

Recentemente, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou dados sobre o salário mínimo brasileiro.

Nesse sentido, a cada mês, o instituto realiza cálculos a fim de comparar o valor atual do piso salarial com a variação da inflação. Isto é, de forma a conseguir verificar quanto seria necessário para garantir o mínimo a uma família de quatro integrantes.

Então, para o mês de abril, de acordo com o Dieese, o salário mínimo deveria contar com o valor de R$ 6.754,33, ou seja, 5 vezes mais do que a quantia atual de R$ 1.212.

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Para fazer esta conta o instituto considera itens básicos para o trabalhador, quais sejam:

  • Moradia
  • Transporte
  • Alimentação
  • Saúde
  • Educação
  • Vestuário
  • Higiene
  • Lazer
  • Previdência

Logo, a conclusão é que, para ter acesso a estes produtos e serviços, o brasileiro precisaria de um salário mínimo maior que o atual, no valor de R$ 6.754,33.

Diferença é maior que a de abril de 2021

Em 2021, o Dieese também realizava os cálculos a cada mês. Desse modo, foi possível perceber que no mês de maio, há um ano, o salário mínimo deveria valor R$ 5.330,69. Na época, o piso real era de R$ 1.100.

Então, vê-se que o aumento do valor do salário mínimo, na realidade, foi de R$ 112. No entanto, o valor que o instituto indica como necessário aumentou R$ 1.423,64.

Nesse sentido, é importante lembrar que o Dieese baseia seus cálculos de acordo com a cesta básica mais cara do Brasil. No mês de abril, portanto, esta foi a do estado de São Paulo, com o valor de R$ 803,99.

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Isto é, cerca de 66% do salário mínimo atual, sobrando R$ 408,01 para outras áreas essenciais como transporte e moradia, por exemplo.

Como funciona o salário mínimo?

A criação do salário mínimo ocorreu no ano de 1940, a fim de assegurar que todo trabalhador brasileiro tivesse acesso ao mínimo para viver.

Então, a correção deste valor ocorre a cada ano com o objetivo de manter o poder de compra do cidadão. Isto é, levando em conta que, em razão da inflação, os preços de produtos e serviços aumentam com frequência.

Portanto, a fim de continuar comprando os mesmos produtos e acessando os mesmos serviços, o trabalhador deve receber a correção do salário mínimo.

Contudo, com o aumento da inflação de forma regular, o salário mínimo vai perdendo o seu poder de compra durante o ano.

Inclusive, em abril deste ano de 2022, a inflação aumentou em 1,73%, ou seja, maior variação desde 1995, há 27 anos.

A correção do salário mínimo a partir da inflação é um direito do cidadão, de acordo com a própria Constituição Federal.

No entanto, o ideal é que, além da simples correção anual, o salário mínimo também aumente em seu valor real.

Nesse sentido, já são 3 anos que o salário mínimo apenas conta com reajuste em relação à inflação, sem um ganho real. O último aumento concreto do piso foi em 2019, quando ainda existia regra que exigia a correção, além da variação do PIB (Produto Interno Bruto) dos últimos dois anos.

Ademais, de acordo com pesquisa recente, o presidente Bolsonaro será o primeiro, desde a criação do Real, a deixar seu mandato com o piso salarial menor, em relação ao poder de compra.

Estudo compara salário mínimo com remuneração de CEOs

Recentemente, o EPI (Economic Policy Institute) lançou um estudo sobre ganhos de CEOs, ou seja, sigla em inglês para Diretor Executivo.

Assim, a pesquisa buscou comparar o quanto ganha estes profissionais, quando em comparação com o salário mínimo.

Nesse sentido, o instituto indica que os ganhos dos CEOs aumentaram 1.322% desde o ano de 1978, ou seja, em 44 anos.

Dentro deste mesmo período, contudo, o salário mínimo teve um aumento de apenas 18%, ou seja, 73 vezes menos que o aumento de salário dos Diretores Executivos.

Além disso, apenas no ano de 2022, estes profissionais receberam 351 vezes mais que a média dos demais trabalhadores.

Dessa forma, os pesquisadores entendem que este fator demonstra a desigualdade social. “O pagamento exorbitante dos CEOs é um dos principais contribuintes para o aumento da desigualdade que poderíamos eliminar com segurança”, indicam.

Sobre a questão, os autores do estudo explicam que estes ganhos influenciam os recebimentos dos que compõem o 1% da população mais rica.

“Essa escalada da remuneração dos CEOs, e da remuneração dos executivos em geral, alimentou o crescimento dos rendimentos do 1% e do 0,1% mais ricos, deixando menos frutos do crescimento econômico para os trabalhadores comuns e ampliando a lacuna entre os que ganham muito e os 90% mais pobres” relatam.

É importante lembrar que este estudo se refere a dados dos Estados Unidos da América, onde em 2021, os CEOs das cem maiores empresas tiveram R$ 11,2 bilhões de ganhos.

Contudo, esta análise também é importante para os demais países, inclusive o Brasil, visto que a economia se relaciona de forma internacional.

Pacto Social fala de salário digno

Levando em conta a situação do salário mínimo, algumas iniciativas apontam para buscar promover mudanças.

Nesse sentido, a ONU (Organização das Nações Unidas) conta com a Rede Brasil do Pacto Global. Isto é, que busca trazer o setor privado para a ação, com algumas atitudes que podem colaborar para um salário digno.

Dessa maneira, a defesa por um salário digno, e não mínimo, se dá a fim de incluir a possibilidade de pagar por mais do que apenas itens de sobrevivência.

Assim, a intenção é que o trabalhador também acesse serviços e produtos para lazer, cultura, dentre outros elementos de bem estar.

Por esse motivo, a iniciativa usa de dados como o do Dieese, por exemplo. Com estas informações, então, é possível demonstrar que, para ter direito a itens importantes, o trabalhador brasileiro precisa de receber mais do que R$ 1.212. Neste último mês, no caso, seria de mais que 5 vezes, com um total de R$ 6.754,33.

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Até o momento, contudo, o projeto foca em capacitar as lideranças a fim de levar mais informação para empresas e demais atuantes do setor privado.

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