Todos os anos, os trabalhadores do Brasil ficam atentos ao reajuste dado pelo Governo Federal ao salário mínimo. Para 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto reajustando o valor do salário mínimo de R$ 1.320 para R$ 1.412, aumento real de R$ 92.
O valor foi comemorado por muitos trabalhadores, já que corresponde a um aumento real da renda. Em suma, quando o reajuste do salário mínimo supera a inflação acumulada no país, significa que o poder de compra dos trabalhadores que recebem o piso salarial cresceu.
Embora muitos considerem a notícia como algo positivo, um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que os trabalhadores do país deveriam receber bem mais que salário mínimo atual.
Salário mínimo ideal no Brasil supera R$ 6 mil
Em primeiro lugar, vale destacar que o levantamento do Dieese levou em consideração o mês de dezembro de 2023, mês em que o salário mínimo ainda era de R$ 1.320 no país.
Inclusive, qualquer notícia sobre salário mínimo sempre chama a atenção dos trabalhadores do país. Os trabalhadores torcem para os reajustes do piso nacional sejam expressivos, elevando significativamente o valor salarial.
Aliás, quem nunca desejou que o piso nacional superasse o valor atual, ficando até mesmo acima de R$ 6 mil? Seria um valor quase cinco vezes maior que o salário vigente no país em dezembro de 2023, de R$ 1.320. E esse deveria ser o salário mínimo do Brasil, ao menos segundo o Dieese.
De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.439,62 em dezembro. Esse valor projetado pelo Dieese é 4,88 vezes maior que o salário mínimo atual.
O valor projetado pelo Dieese é um reflexo das dificuldades que os trabalhadores do país enfrentam todos os meses. Isso porque a remuneração deveria ser capaz de suprir todas as necessidades básicas dos trabalhadores e suas famílias, englobando alimentação, saúde, educação e lazer, entre outros.
Entretanto, o salário mínimo do Brasil continua bem menor do que deveria. Portanto, as famílias que recebem o piso salarial sofrem para viver dignamente, uma vez que o valor do salário não é capaz de suprir as necessidades básicas da população brasileira.
Salário mínimo ideal x cesta básica
O Dieese divulga mensalmente uma pesquisa sobre as variações dos preços dos itens que compõem a cesta básica. A partir destes dados, a entidade calcula o salário mínimo ideal do país, levando em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês.
Segundo a entidade, o salário mínimo ideal do Brasil seria aquele capaz de suprir as necessidades da população. Para definir qual seria o valor ideal para os trabalhadores do país as estimativas consideraram a cesta básica de São Paulo, que foi a mais cara do país no mês passado.
Em síntese, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Aliás, desde 1938 há uma lista que define os alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Essa lista é composta por 13 itens básicos e possui regulamentação devido a um decreto. Confira abaixo quais são os itens:
- Carne;
- Leite;
- Feijão;
- Arroz;
- Farinha;
- Batata;
- Legumes;
- Pão;
- Café;
- Frutas;
- Açúcar;
- Óleo;
- Manteiga.
Trabalhador compromete mais da metade do salário
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em dezembro para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No mês passado, Porto Alegre teve a cesta mais cara, custando R$ 766,53. A propósito, a cesta básica ficou mais barata em 15 das 17 capitais pesquisados em 2023.
A pesquisa comparou o custo da cesta com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 58,1% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.320).
Em outras palavras, o trabalhador que recebeu o piso nacional em dezembro, e morava em Porto Alegre, gastou mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Por fim, a pesquisa também mostrou que o trabalhador de Porto Alegre precisou trabalhar, em média, 127 horas e 46 minutos para adquirir uma cesta básica em dezembro. O número ficou bem acima da média nacional, de 109 horas e 3 minutos.