Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apontou que o novo salário mínimo deverá injetar R$ 69,9 bilhões na economia brasileira em 2024.
A saber, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto na última quarta-feira (27) que reajustará o valor do salário mínimo. A partir de 1º de janeiro de 2024, o valor do piso nacional passará dos atuais R$ 1.320 para R$ 1.412, aumento real de R$ 92.
Ao todo, cerca de 59,3 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo, segundo o levantamento do Dieese. Além disso, a entidade também estimou que a arrecadação tributária anual sobre o consumo terá um crescimento de R$ 37,7 bilhões. Esse impacto também acontecerá devido ao reajuste do mínimo.
Veja o impacto do novo salário mínimo por categoria
Em 2024, o novo salário mínimo deverá impactar de maneira diferenciada as categorias do país. Como os números são específicos para cada segmento, a influência dos novos valores também deverá ser diferenciada entre eles.
Em suma, o maior impacto deverá atingir os beneficiários do INSS, já que o número de pessoas nesta categoria é o mais elevado entre os segmentos. Por outro lado, o reajuste do salário mínimo deverá impactar de maneira bem mais leve a renda dos empregadores, a nível nacional.
Confira abaixo os valores adicionais projetados pelo Dieese:
- Beneficiários da Previdência Social (INSS) deverão receber R$ 31,4 bilhões;
- Empregados deverão receber aproximadamente R$ 21 bilhões;
- Profissionais por conta própria terão um incremento de R$ 12,1 bilhões;
- Trabalhadores domésticos terão um acréscimo de quase R$ 5 bilhões.
- Empregadores se beneficiarão com um aumento de R$ 371,2 milhões.
Vale destacar que o número de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) totaliza 26.249. Em seguida, ficam os empregados (17.551), os trabalhadores por conta própria (11.010) e domésticos (4.174). Assim, o menor contingente de pessoas que verão a renda crescer com o reajuste do salário mínimo virá dos empregadores (336).
Entenda o reajuste do salário mínimo para 2024
Em síntese, o novo valor do salário mínimo é resultado de uma fórmula que já havia sido adotada durante os governos anteriores do PT. Para quem não sabe, a nova política determinada por Lula leva em consideração dois fatores:
- Inflação do ano anterior ao reajuste, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC);
- Produto Interno Bruto (PIB) consolidado do Brasil de dois anos antes.
Assim, para 2024, o governo federal aumentará o salário mínimo vigente, de R$ 1.320, para R$ 1.412. O valor passará a ser pago a partir de fevereiro, já que entrará em vigor a partir do primeiro dia de janeiro.
A saber, o aumento nominal de R$ 1.320 para 1.412 é de 6,97%. Por sua vez, o INPC está estimado em 1,14%, de maio a dezembro. Aliás, ao utilizar o mês de janeiro de 2023 como referência, o ganho real será de 4,69%, abaixo da inflação ocorrido entre janeiro e maio. À época, o salário mínimo vigente era de R$ 1.302.
Em resumo, a variação do INPC acumulada entre janeiro e abril ficou em 2,42% no país. Segundo o Dieese, houve uma perda real de 1,01% no reajuste realizado em maio deste ano, quando o salário mínimo subiu para R$ 1.320 no país.
“Entretanto, o reajuste fixado para janeiro de 2024 mais do que compensa essa perda ocasional, resultando, como já dito, em ganho real de 5,77% em relação a maio de 2023“, explicou o Dieese.
Aumento real do salário mínimo em 2024
Em suma, o governo possui duas opções quando o assunto é reajuste do salário mínimo. A primeira delas se refere à vinculação da inflação, ou seja, o salário subirá de acordo com a inflação do ano anterior. Já a segunda opção é a promoção de um aumento real no piso nacional.
Em 2024, os trabalhadores vão contar com um ganho real do salário mínimo. Isso também aconteceu em 2023, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveu aumento real do piso nacional, algo que havia acontecido apenas em 2019, promovido no ano anterior pelo presidente em exercício, Michel Temer.
Quando o salário mínimo não apresenta ganha real, subindo apenas para se manter equiparado à inflação, os trabalhadores que recebem o piso salarial não veem sua renda aumentar. Isso porque, mesmo com o aumento percentual, o valor apenas acompanha a taxa inflacionária.
Contudo, quando o governo dá um aumento real ao piso salarial nacional, acima da inflação, o cidadão passa a ter uma renda mais elevada. Assim, poderá adquirir mais itens que no ano anterior, ao menos em teoria, uma vez que seu salário terá subido mais do que os preços dos bens e serviços no país.
Em síntese, o termo inflação se refere justamente a isso, ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços. Quando o reajuste do salário mínimo supera a inflação, milhões de famílias se beneficiam, já que os valores também afetam os benefícios do INSS, como pensões e aposentadorias. Por isso que há tantos cálculos para definir qual o reajuste mais adequado a cada ano.