A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia reduziu a previsão oficial para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deste ano. O anúncio foi realizado na última quinta-feira (15), e mostrou a queda de 7,41% para 6,54%.
Sendo assim, o reajuste salarial também será abaixo do esperado. Até a semana passada, o Governo Federal estimava um salário mínimo de R$ 1.302 em 2023, baseados no INPC fechando o ano em 7,41%. No entanto, isso deve ser alterado.
Logo, com a nova estimativa do INPC (6,54%), o valor do piso nacional para o próximo ano será de apenas R$ 1.292,00, R$ 10,00 a menos que o valor divulgado anteriormente. No entanto, essa nova previsão também é provisória.
Acontece que o valor do salário mínimo só será definido após o ano ser encerrado e taxa do INPC for finalmente estabelecida. Assim, caso se confirme o reajuste do salário mínimo sem aumento real, este será o quarto ano consecutivo sem aumento acima da inflação.
Sem ganhos reais em 2023
Com a estimativa de correção do salário mínimo de 2023, não será dado um aumento real para os brasileiros. Na verdade, o aumento do piso é apenas uma reposição pela inflação. Isso significa que os trabalhadores apenas não perderão o poder de compra.
Em resumo, é como se o aumento servisse apenas para compensar a capacidade de compra, ou as perdas inflacionárias. Na prática, o cidadão não vai deixar de conseguir comprar o que já comprava, mas também não vai poder ampliar seu poder de compra.
Vale ressaltar é que até 2019, o piso recebia um ganho real, em razão de que não era corrigido apenas pela inflação. Na época, o cálculo do se realizava com base no PIB de dois anos anteriores e a inflação relativa ao INPC.
Salário mínimo ideal para os brasileiros
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor atual do salário mínimo, R$ 1.212, deveria ser de, no mínimo, R$ 6.388,55.
Para Angeli Lopes, economista do Dieese, é impossível ampliar de uma vez só vez o valor atual para que atinja o ideal, porém o piso salarial precisa ser revisto e corrigido com uma taxa superior à inflação.
“A gente está em uma situação de carestia elevada. Então o trabalhador acaba sendo duplamente afetado. Ele tanto sofre com os custos e os preços altos dos alimentos, principalmente, mas também com um salário baixo, que não vem crescendo de modo expressivo nos últimos anos”, disse.
No entanto, a economista diz que para resolver esse problema é necessário criar uma política pública visando tentar controlar os preços de alimentos básicos.
“A gente observa que isso não é uma política pública, isso não é uma prioridade do governo. Então, acaba que fica muito difícil ter uma diminuição dos preços quando não há uma política nacional direcionada para isso. O trabalhador sofre duplamente. Não tem política de valorização do salário mínimo, ao mesmo tempo em que o preço dos alimentos sobe bastante”, disse Mariel Angeli afirmando a necessidade da criação de alguma medida para promover a redução dos custos.