Os trabalhadores do Brasil deverão lembrar por um bom tempo do ano de 2023. Isso porque o Governo Federal promoveu dois reajustes no salário mínimo do país neste ano, algo incomum, que aconteceu poucas vezes na história recente do país.
Para quem não lembra, o salário mínimo foi reajustado em janeiro e maio de 2023. Os reajustes animaram os trabalhadores, que costumam se beneficiar com apenas um aumento anual no salário mínimo.
Aliás, de 2000 para cá, o salário mínimo foi reajustado mais de uma vez por ano em apenas três ocasiões. Veja quando isso aconteceu:
- 2011: reajustes de 5,88% em janeiro e 0,92% em março;
- 2020: reajustes de 4,1% em janeiro e 0,58% em fevereiro;
- 2023: reajustes de 7,43% em janeiro e 1,38% em maio.
Em suma, as medidas adotadas pelo governo federal estão ampliando o poder de compra do trabalhador. Isso quer dizer que os brasileiros estão podendo gastar mais do que anteriormente, pois estão se beneficiando com o aumento da renda, superando a inflação registrada no país.
Política de Valorização do Salário Mínimo
No início deste ano, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que o governo do presidente Lula deveria ficar marcado pela Política de Valorização do salário mínimo.
Segundo Marinho, a política permite o controle da inflação, além de impulsionar a geração de empregos e aumentar a renda no país. Em síntese, essa política garante o crescimento real da economia e, a partir disso, promove sustentabilidade, previsibilidade e credibilidade no país.
A nova política determinada por Lula leva em consideração dois fatores:
- Inflação do ano anterior ao reajuste, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC);
- Produto Interno Bruto (PIB) consolidado do Brasil de dois anos antes.
Assim, para 2024, o governo federal aumentaria o salário mínimo vigente, de R$ 1.320, em 6,1% (INPC) mais 2,9% (PIB). Com isso, o valor do piso nacional chegaria a R$ 1.441 no ano que vem.
A propósito, a taxa de 6,1% do INPC foi projetada por economistas da XP Investimentos e compreende o período de 12 meses, encerrado em novembro de 2023. Já o crescimento do PIB se refere a 2022, quando o resultado ficou positivo em 2,9%. Resta aos brasileiros torcerem para que isso realmente aconteça.
Salário mínimo ideal
Em meio a tudo isso, os trabalhadores do Brasil se surpreenderam na semana passada com a informação sobre o rendimento que deveriam ter recebido em junho.
De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.578,41 no sexto mês de 2023. Em resumo, o valor projetado pelo Dieese é 4,98 vezes maior que o salário mínimo vigente no país (R$ 1.320).
Essas estimativas são importantes para mostrar as dificuldades que os trabalhadores do país enfrentam todos os meses. Como muitos devem saber, a remuneração deveria ser capaz de suprir todas as necessidades básicas das famílias dos trabalhadores, englobando alimentação, saúde, educação, lazer, entre outros fatores.
Entretanto, o salário mínimo do Brasil continua bem menor do que deveria. Portanto, as famílias do país que recebem o piso salarial sofrem para viver dignamente, uma vez que o valor do salário não é capaz de suprir as necessidades básicas da população.
Inclusive, mesmo que o salário mínimo suba quase 9% em 2024, chegando a R$ 1.441, o valor ainda estará bem abaixo do projetado pelo Dieese como ideal para os trabalhadores do país.
Trabalhador compromete quase 60% do salário
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em junho para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No mês passado, São Paulo teve a cesta mais cara, custando R$ 783,05. A propósito, a cesta básica ficou mais barata em 10 das 17 capitais pesquisados em junho.
A pesquisa comparou o custo da cesta com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 59,3% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.320), ou seja, o trabalhador que recebia o piso nacional em junho, e morava em São Paulo, gastou bem mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Além disso, a pesquisa também mostrou o tempo médio necessário para que um trabalhador do estado de São Paulo adquirisse produtos da cesta básica. A saber, os profissionais da região precisaram trabalhar 130 horas e 31 minutos em junho para comprar os produtos.
A média nacional também ficou bastante elevada no mês passado. Contudo, o tempo a ser trabalhado no Brasil, em média, chegou a 113 horas e 13 minutos. Embora o tempo tenha sido menor, ainda foi bastante expressivo, refletindo as dificuldades que os trabalhadores enfrentam no país para comprar alimentos básicos.