Nesta quarta-feira (02), foram apresentados cálculos do economista Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), que mostram o peso da redução do auxílio emergencial na renda de muitos beneficiários.
De acordo com a pesquisa, o número de brasileiros em situação de pobreza avançou em mais de 8,6 milhões de agosto para setembro, enquanto a população que vive em situação de miséria aumentou em mais de quatro milhões.
Em seu estudo, Duque considerou as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19) de outubro, divulgada na última terça-feira (01) pelo IBGE. “O pior momento vai ser em janeiro (de 2021)”, afirmou o pesquisador.
De acordo com os números pesquisados por Daniel Duque, a parte da população que vive em situação de miséria avançou de 5,171 milhões em agosto, para 9,251 milhões em setembro. A proporção da população brasileira vivendo em extrema pobreza saltou de 2,4% para 4,4%. Já a proporção de brasileiros vivendo na pobreza subiu de 18,3%, em agosto, para 22,4% em setembro.
Ainda, dados da Pnad Covid do mês de outubro apontaram que os 10% de brasileiros mais pobres tinham renda domiciliar per capita de apenas R$ 31,69 por mês no período, excluindo o auxílio emergencial.
Bolsonaro diz que não é possível perpetuar auxílio emergencial
Na última terça-feira (01), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não será possível perpetuar os benefícios concedidos à população em razão da pandemia do coronavírus.
“Temos internamente os nossos problemas. Ajudamos o povo do Brasil com alguns projetos por ocasião da pandemia. Alguns querem perpetuar tais benefícios. Ninguém vive dessa forma”, disse o presidente durante um discurso ao visitar obras da Ponte da Integração Brasil-Paraguai, em Foz do Iguaçu.
“Temos que ter a coragem para tomar decisões. Pior do que uma decisão até mesmo mal tomada é uma indecisão. Nós temos que decidir. Nós temos que operar pelo nosso povo, pelo nosso país”, acrescentou.
Durante uma conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, na última semana, Bolsonaro não descartou uma nova prorrogação do auxílio emergencial.
Auxílio prorrogado até dezembro
O presidente Jair Bolsonaro anunciou a prorrogação do auxílio emergencial por quatro meses no valor de R$ 300. A extensão do auxílio foi oficializada por meio de medida provisória e terá que ser aprovada por deputados e senadores no Congresso Nacional.
“Não é um valor o suficiente muitas vezes para todas as necessidades, mas basicamente atende. O valor definido agora há pouco é um pouco superior a 50% do valor do Bolsa Família. Então, decidimos aqui, até atendendo a economia em cima da responsabilidade fiscal, fixá-lo em R$ 300”, disse Bolsonaro.
Neste ano, o Executivo depositou cinco parcelas de R$ 600 para os beneficiários do auxílio, visando ajudar os brasileiros de baixa renda, trabalhadores informais, MEIs, autônomos e desempregados.