Reajuste salarial ficou abaixo da inflação?
Os brasileiros perderam seu poder de compra no mês de dezembro. Isso porque o reajuste salarial registrado neste mês ficou a baixo da inflação (-0,9%). Os dados foram revelados por meio do boletim Salariômetro, divulgado na sexta-feira (22) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O índice analisou o resultado de negociações salariais coletados por meio do portal Medidor, do Ministério da Economia.
Em outras palavras o reajuste médio fechado foi de 4,3% em dezembro, já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), no acumulado de 12 meses, ficou em 5,2%. Isso significa que os brasileiros perderam o poder de compra.
Ou seja, enquanto os gastos mensais podem sair mais caros, o salário não acompanhou o reajuste. “Em dezembro, tivemos um repique muito forte da inflação. E a inflação, na mesa de negociação, é medida pelo INPC. Como no final do ano tivemos um aumento muito grande, principalmente na alimentação, isso refletiu no custo de vida dessas famílias e o INPC mostrou isso”, disse Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Projeto Salariômetro, em entrevista à Agência Brasil.
Por outro lado, dezembro foi o único mês que o salário ficou abaixo da inflação média.
“Para uma empresa que esteja disposta a repor a inflação com o sindicato, já teria que começar com 5,2%. Se for dar aumento real, teria que ser mais do que isso. E isso em uma época de recessão profunda”, acrescentou.
Durante os 12 meses de 2020 o reajuste mediano nominal foi de 3% e o piso mediano de R$ 1.273.
Inflação de 2020 tem maior alta desde 2016
Impulsionada pelo preço dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação do Brasil, terminou o ano de 2020 registrando alta de 4,52%. A meta inicial era de 4%. Ou seja, a inflação cresceu 0,52% a mais do que o esperado.
O resultado é a maior alta desde 2016. Isso sem falar na inflação para os mais pobres, que foi ainda maior.
O que pode ser ainda mais negativo para os brasileiros, é o preço dos alimentos, já que eles foram os campeões se tratando de reajuste.
Após alimentação a habitação registrou maior alta, com 5,25%. Esse aumento foi influenciado pela alta do custo da energia (9,14%).
“Tivemos dez meses consecutivos de bandeira tarifária verde, e em dezembro a gente teve a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que tem custo adicional de R$ 6,24 a cada 100 kw/h consumidos. Essa mudança tarifária contribuiu bastante para esse resultado de alta de 9,34% no mês da energia elétrica”, destacou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Veja os itens por setor:
- Alimentação e bebidas: 14,09%
- Habitação: 5,25%
- Artigos de residência: 6%
- Vestuário: -1,13%
- Transportes: 1,03%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,5%
- Despesas pessoais: 1,03%
- Educação: 1,13%
- Comunicação: 3,42%
- Vestuário: -1,13%