A francesa Florence Bauer, representante no Brasil do Unicef, disse em entrevista à Crusoé que a reabertura das escolas no país deve ser estudada urgentemente.
Para ela, a questão da volta às aulas deve ser discutida caso a caso, mas ponderando as necessidades das crianças, que estão longe das escolas.
“As decisões devem ser feitas com base em uma análise da situação epidemiológica de cada estado e de cada município. Mas é urgente preparar-se para essa reabertura. As autoridades precisam tomar uma série de medidas para que isso aconteça com segurança.”
De acordo com Florence Bauer, as crianças fora do ambiente escolar sofrem com a defasagem na aprendizagem. A principal razão seria a dificuldade em acessar os materiais que estão sendo, em certa parte, distribuídos de forma online.
“Muitos colégios transferiram o ensino para o ambiente digital, mas 4,8 milhões de crianças brasileiras não têm acesso à internet. Há uma chance grande então de a pandemia aumentar as disparidades da nossa sociedade”, expõe ela.
A representante do Unicef ainda engloba outros percalços envolvidos nesse momento de pandemia e distanciamento das crianças da escola. Ela lembra que os menores ficam mais suscetíveis a problemas sociais e estruturais, como por exemplo, a violência doméstica.
Com a Covid, as crianças também ficaram mais expostas à violência doméstica. Sabemos que esse tipo de violência parte de pessoas próximas. Outro problema pode acontecer quando os adultos voltarem a trabalhar. Se isso acontecer e as escolas continuarem fechadas, quem cuidará dos pequenos?”, indagou.
Reabertura das escolas com refeições nas salas de aula
A volta às aulas deve ganhar novas diretrizes em breve. No último 6 de julho, o Ministério da Saúde debateu o tema em reunião do Centro de Operações de Emergência (COE).
Um novo protocolo para combater a disseminação do coronavírus entrou em discussão nesse encontro. As medidas se enquadram na reabertura das escolas públicas de todos os níveis do ensino.
No relatório constam orientações já bem conhecidas como o uso de máscaras, marcações no chão para ditar o distanciamento social e dias alternados das turmas.
Mas além disso, há outras regras que são consideradas diferentes, como realizar refeições dentro das salas de aula.
Outras medidas são: criar escala de entrada e saída das turmas, evitar circulação em espaços comuns, reforçar limpeza e ventilar ambientes.