Quilombolas ficam sem acesso à educação na pandemia

Aulas online não podem ser acompanhadas pelas comunidades quilombolas no Pará

Comunidades quilombolas também estão sofrendo as consequências da pandemia do novo coronavírus. Os moradores Santarém, no Pará, por exemplo, não conseguem acesso a sinal de telefone e internet, se prejudicando em diversos quesitos.

De acordo com as entidades ligadas às comunidades, falta ação do estado na circulação de informações e ações práticas de combate à doença nas comunidades. Ou seja, políticas públicas de modo geral.

Miriane Costa Coelho, da Comunidade Nova Vista do Ituqui, que denuncia tais dificuldades. Segundo ela, fica complicado até de levar informações acerca da pandemia para grupos que moram nos arredores. Isso afeta a prevenção de disseminar a doença.

“Infelizmente nós não tivemos tanto apoio em relação aos cuidados contra esse vírus, aqui poucos são os quilombos que possuem sinal de TV aberta. Nos comunicamos pelo rádio e em outros casos foram as lideranças dos quilombos que realizaram esse trabalho de levar as informações. Nós temos dificuldade de contato principalmente em quilombos muito distantes como de Surubiu-Açu e Patos do Ituqui, mas mesmo os mais próximos não temos conseguido contato imediato”, relatou Miriane.

Falta de internet nas comunidades quilombolas

Por falta de acesso à internet, a Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS) – precisou realizar a eleição para a nova diretoria mesmo diante da pandemia para seguir o seu estatuto.

“Venho dizendo nos espaços que esse modelo de se organizar [a distância] não nos contempla. Nos quilombos não tem acesso à internet e muitas vezes nem à telefonia. A FOQS montou uma comissão executiva que opera principalmente com quilombolas que estão fora do risco, para preservando as nossas lideranças mais velhas”, diz Miriane.

Entre os principais desfalques está a educação das crianças e dos adolescentes moradores dos quilombos. Sem internet ficam no isolamento total, pois as escolas permanecem fechadas, e as aulas remotas não chegam a eles.

Menos impacto nos quilombos

Segundo Miriane, coletivos tem procurado realizar um trabalho de auxílio para as comunidades quilombolas.

Há mobilizações para levar alimentos, kits de higiene e informação para minimizar os impactos da pandemia e evitar que a doença se espalhe entre essa população.

“A FOQS , conjuntamente com parceiros, está desenvolvendo o Projeto OMULU – Terra de Quilombo, que antes era um projeto de aquisição de kits de higiene básica e de informação, e que hoje ele ganhou uma outra dimensão. Nele fazemos um mapeamento da situação dos casos da Covid-19 nos quilombos – isso tudo uma parceria com as lideranças dos quilombos -, e assim nós podemos também monitorar a situação dos casos da Covid-19”, contou Miriane.

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