Projeto quer banir rede social que exibir conteúdo sexual para crianças
Projeto em tramitação prevê duras punições para plataformas digitais que exibam conteúdo sexual para crianças
Imagine que você está dando uma olhada no feed da sua rede social preferida e se depara com um conteúdo de cunho sexual e explícito. Para boa parte das pessoas, esta não é uma experiência agradável. Imagine, então, se uma criança passa por esta mesma situação ao usar um celular ou um computador? O que aconteceria?
Em tempos em que cada vez mais crianças criam contas em redes sociais, cresce a preocupação dos pais em relação ao conteúdo a que elas estão sendo expostas. É justamente neste sentido que um projeto começou a tramitar na Câmara dos Deputados. A ideia é punir as plataformas digitais que exibem este tipo de conteúdo para crianças.
O projeto de controle do conteúdo sexual
O texto em questão é de autoria do deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM). De acordo com ele, a ideia é responsabilizar redes sociais e outras plataformas que permitirem o acesso de conteúdo não apenas para crianças, mas também para adolescentes menores de idade.
O deputado deixa claro que este seu projeto não tem nenhuma relação com o texto da lei contra fake news, que foi lançado pelo governo federal, e que foi barrado por parlamentares da oposição. Segundo Mandel, o plano aqui é focar apenas na proibição da transmissão do conteúdo sexual para este público específico.
“As plataformas digitais deverão implementar e monitorar constantemente mecanismos eficazes de controle para impedir a exposição de conteúdo sexual ou adulto a crianças e adolescentes, assegurando a proteção integral de seus direitos”, diz a justificativa do projeto de lei.
As regras valeriam para:
- redes sociais como Facebook e Instagram;
- aplicativos de mensagens como WhatsApp;
- sites da internet;
- microblogs como X (antigo Twitter);
- streamings de vídeo como Netflix e Prime;
- plataformas de jogos on-line;
- streamings de música como Spotify.
“Sexualização precoce”
Neste último ponto, o deputado disse que deseja proibir que crianças e adolescentes tenham acesso a uma série de músicas que teriam “letras explícitas e impróprias que contribuem para a sexualização precoce”.
“A questão da sexualização precoce, desencadeada pelo acesso desregrado a tais conteúdos em plataformas como redes sociais, aplicativos de mensagens, serviços de streaming, e jogos eletrônicos, constitui um problema complexo que demanda ação imediata e responsável do Poder Público”, escreveu o deputado ao justificar o projeto.
“As redes sociais, como Facebook, Instagram, Twitter [atual X] e TikTok, são conhecidas por permitirem o compartilhamento de uma ampla gama de conteúdos, incluindo aqueles de natureza sexual ou adulta. Apesar das políticas de restrição dessas plataformas, crianças e adolescentes ainda conseguem acessar conteúdo inadequado. Inclusive, os algoritmos dessas plataformas por vezes sugerem conteúdos inapropriados a esses usuários jovens”, continuou.
“Ademais, a propagação de músicas que erotizam adolescentes em plataformas de streaming também é um desafio significativo. Tais músicas muitas vezes contêm letras explícitas e impróprias, contribuindo para a sexualização precoce desses jovens e violando vários direitos previstos em lei, como a proteção da infância e da juventude, o direito à educação, o direito à saúde e o direito à dignidade humana”, finalizou ele.
Críticas
Desde que o projeto em questão começou a tramitar, algumas dúvidas começaram a surgir. Como uma rede social poderá controlar quem visualiza os conteúdos que são postados pelos seus próprios usuários? Como entender que o cidadão que está vendo um conteúdo sexual é um adulto, ou uma criança que entrou em um perfil de adulto, por exemplo.
Estas questões não estão claras no texto oficial do projeto. O deputado apenas afirma que sabe que a ideia é de difícil implementação. Contudo, ele acredita que será possível avançar neste sentido.
“Compreendemos que a implementação das medidas sugeridas neste projeto de lei é desafiadora, devido ao volume de conteúdo gerado diariamente por usuários ao redor do mundo. Contudo, consideramos plenamente possível, e sobretudo necessário, que essas plataformas digitais invistam em tecnologias avançadas para identificar e filtrar conteúdos inadequados”, afirma Mandel.
Pelas regras do projeto, a empresa que não obedecer as normas pode até ser proibida de operar no Brasil.