O preço da carne continua subindo de forma considerável, fazendo com que os brasileiros de classe mais baixa consumam menos o alimento. A alta acumulada chegou a 35,68% em um período de 12 meses, segundo dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15), que foram divulgados nesta terça-feira (25) pelo IBGE (Instituto brasileiro de Geografia e Estatística).
O motivo dessa alta no preço da carne está relacionado, entre outros fatores, com o aumento na exportação do produto, fazendo com que falte oferta para o mercado interno. Segundo o IBGE, o dólar caro (atualmente na casa dos R$5,30) também é grande influenciador na disparada do preço desses alimentos.
O preço do dólar encarece o milho e a soja, que são os alimentos dos animais, e os principais custos da indústria de carne. Os produtores nacionais desses insumos preferem exportar para o mercado externo, tornando a importação necessária. Deste modo, para não ter prejuízos, as indústrias repassam esse aumento para o preço de seus produtos, e o consumidor acaba saindo prejudicado.
Indústria alega alta no preço das matérias-primas
Nesta segunda-feira (24), representantes das indústrias de carne suína e de frango divulgaram um manifesto dizendo que novas elevações no preço desses produtos devem atingir os consumidores brasileiros.
Segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o milho e a soja, insumos básicos que compõem 70% dos custos de produção, subiram mais de 100% e 60% respectivamente, em relação ao ano passado.
Em relação ao milho especificamente, existe outro fator agravante. O Brasil sofreu uma quebra de safra do grão, devido à seca que vem ocorrendo nos últimos meses. Segundo a ABPA, isso também acaba impulsionando as cotações.
“O consequente e inevitável repasse ao consumidor já está nas gôndolas, mas em patamares que ainda não alcançam os níveis de custos” afirmou a associação, citando altas entre 40% e 45% nos custos de produção de aves e suínos em 12 meses.
Para impedir o agravamento do cenário, as indústrias pediram ao governo que medidas sejam tomadas, a critério de proporcionar ao setor de proteína animal brasileiro igualdade de competição pelos insumos em relação ao mercado internacional.
A ABPA também destacou em nota que a avicultura e a suinocultura empregam 4 milhões de pessoas, direta e indiretamente, e garantem a “segurança alimentar” da população brasileira.
Carnes atingem o menor consumo em 25 anos
A perda do poder de compra da população brasileira, devido à crise econômica causada pela pandemia de coronavírus, em conjunto com a disparada do preço da carne, fazem com que o consumo desses alimentos tenha caído muito. Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o consumo de carne no Brasil atingiu seu menor nível em 25 anos.
No atual momento, cada brasileiro está comendo em média 26,4 quilos de carne ao ano, número 14% menor do que o apresentado em 2019, antes da pandemia, e o menor desde 1996. Nos primeiros quatro meses deste ano, o consumo de carne por pessoa já caiu 4% em relação a 2020, segundo estimativas da Conab.