No mês de julho, o índice FipeZAP registrou uma alta de 0,13% no preço do aluguel de imóveis residenciais. Sendo assim, o aumento foi impulsionado pelas variações nos preços nas capitais do Centro-Oeste, Nordeste e Sul. Mesmo assim, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo foram as únicas capitais com variação negativa de -0,15% e -0,39%.
Segundo o economista Eduardo Zylberstajn, a pandemia de covid-19 teve papel de impacto no preço do aluguel dos imóveis. Nesse sentido, a pandemia forçou o trabalho remoto e extinguiu a necessidade de se morar em cidades com custo mais caro, já que, atualmente, todas as atividades são virtuais.
“As pessoas também ficam com medo de uma crise e o aumento do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). Vimos muita gente deixando os imóveis e indo para outras cidades, voltando para a casa dos pais. Santo André, por exemplo, teve um aumento de 12% nos últimos doze meses, São Bernardo quase 9%, Barueri, 6%. Teve esse êxodo, esse movimento em São Paulo e no Rio de Janeiro”, diz o economista.
Deste modo, a pandemia mudou a visão de algumas pessoas sobre a necessidade de se alugar um imóvel para facilitar a logística de transportes. Portanto, com menos pessoas se mudando e alugando imóveis, o preço do aluguel acabou aumentando em algumas cidades, mas diminuindo nas capitais, por conta da diminuição na demanda.
Preço do aluguel se torna oportunidade para alguns
O levantamento trouxe um dado positivo para quem pensa em comprar imóveis para rentabilizar em cima do preço do aluguel. Nesse contexto, o rental yield, razão entre o preço do aluguel médio e o preço médio de venda de imóveis, fechou o mês de julho em 4,6%, o que significa mais que o dobro da taxa real de juros do país, que consta na casa dos 2%. No entanto, apesar da boa rentabilidade, Zylberstajn alerta que tudo depende da intenção do investidor.
“Se a pessoa compra um imóvel, e terá que se mudar em pouco tempo, dali a uns dois anos, as transações de venda tem um custo muito alto, com cartório, reforma, mudança, corretor. Pode acabar não valendo a pena. Comprar pode ser boa alternativa, mas depende da situação.”, alerta. Dessa maneira, a situação muda para quem já investe em imóveis, uma vez que a projeção do economista é de que os preços do setor subam nos próximos meses.
“No caso de proprietário que tem imóvel, a gente sabe da pressão nos preços, que cada investidor tem seu tempo, mas no momento não precisa ter pressa para vender. Os juros, pelo cenário político, podem subir e o mercado imobiliário pode ser favorecido para venda,” diz o economista.
Preço do imóvel por m²
Pela primeira vez em dez anos, o preço por m² da venda de imóvel em São Paulo passou o do Rio de Janeiro, no índice FipeZAP. Dessa maneira, no preço do m² da venda do imóvel em São Paulo teve uma variação de 0,42% e no Rio de janeiro a variação foi de 0,21%. Assim, o m² de venda no Rio de Janeiro fechou em julho em R$ 9.565, e em São Paulo R$ 9.569.
O Rio de Janeiro teve o boom imobiliário antes das olimpíadas, antes de 2014, quando teve a época das UPPs, pré-olimpíada, teve um ano que o RJ subiu 50% os preços. Mas aí veio Lava-jato, o fim do governo Dilma, e a partir de 2014, os preços começaram a cair.”, explicou Eduardo. Por fim, mesmo com aumento no preço dos imóveis, o preço do aluguel sofreu uma diminuição.